Este é um discurso de apoio aos que se sentem aviltados em sua liberdade no dia-a-dia, sem ter a quem recorrer da imposição de padrões por parte de outrem. Assim, se não gosto das pregações do padre X ou do pastor Y, não vou à sua igreja. E ponto final! Se, também, não gosto de um certo programa de televisão, mudo de canal ou não entro no tal site. Se não gosto de pagode, não vou onde se toca esse tipo de música. Até aí, tudo bem. Porém, há coisas que me impelem a tomar Impatiens ou Staphisagria, floral e homeopatia com cunho de fornecer mais paciência ou indicado para vencer a indignação. São coisas que não sou obrigado a engolir do outro, mas que ocorrem freqüentemente aos nossos olhos como imposições quase inevitáveis. Por exemplo, pergunta-se: estacionar atravessado em meio a duas faixas por conta de pegar uma sombra ou por preguiça de fazer manobra é coisa rara neste Brasil? E furar fila de banco, pedindo para que seu colega, bem à sua frente, pague suas contas, antes de sair rápido dizendo que tem muito que fazer? E que dizer dos que fumam em ambientes fechados sem perguntar se o outro, seu colega não fumante, deseja receber seus dejetos? E colocar o som bem alto em seu carro para que todos se deliciem com a música de sua preferência? Seria raro também neste país aqueles que primam por dirigir como tartarugas, entrando na preferencial na frente do outro para ficar atravancando o trânsito? Como, então, reclamar de crianças e adolescentes individualistas e hedonistas, já que “macaco vê, macaco faz”? |