03/11/2008 Ã s 11:20:00h
A nova empreitada de Renan e Sarney
Por Chico Bruno
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Para entender o que se passa entre os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP) é preciso retroceder a janeiro de 2003, quando ambos disputavam a cadeira de presidente do Senado. A solução encontrada pelo xerife do governo Lula, Ã época, José Dirceu, foi celebrar um acordo de cavalheiros. Sarney presidiria o Senado nos dois primeiros anos da (primeira) era Lula e Calheiros os dois últimos.
Feito o acordo, nenhum devia nada ao outro. Até que em dezembro de 2005, o senador José Sarney necessitou dos préstimos de Renan, que ocupava a cadeira de presidente do Senado. Era um favorzinho besta, dar velocidade a perda do mandato do senador João Capiberibe, que tinha tido a ousadia de sair em socorro do governador do Maranhão, José Reinaldo, para que o Senado aprovasse um empréstimo engavetado por Sarney, quando presidente no biênio 2003/2004.
Pensando no futuro, Renan aquiesceu ao pedido de Sarney. Em velocidade de fórmula Um, o alagoano atendeu a risca a solicitação. Capiberibe foi sumariamente expurgado da Casa, apesar dos protestos de mais de cinco dezenas de senadores, que queriam dar o direito de defesa, ao senador do Amapá, compatível com as desconfianças do ato perpetrado no STF, pois o presidente Nelson Jobim votou contra o réu para desempatar a questão, quebrando uma norma secular.
Posto isso, está claro que Sarney ficou devendo uma a Calheiros. Ao surgir o Caso Mónica, o senador alagoano bateu a porta da mansão do maranhense e apresentou a fatura. Era chegada a hora do pagamento.
Sarney pagou a fatura, ajudando Renan a escapar da cassação do mandato. Claro que foi uma operação difícil, que requereu convencer o Planalto e o PT da necessidade de manter Renan no Senado.
Em sessão secreta, facilitadora do cumprimento da absolvição, Renan e Sarney ficaram quites. Um não devia mais nada ao outro. Eles zeraram o jogo novamente.
Agora, com a vitória do PMDB nas eleições municipais, os dois estão juntos na empreitada de aumentar suas participações pessoais no governo Lula, preferencialmente abocanhando a Infraero e o ministério da Justiça, numa operação que passa pelo deslocamento de Jobim das Selvas para o lugar de Tarso e a colocação de Aldo Rebelo, amigo-irmão de Renan, no lugar de Jobim das Selvas.
Um plano engenhoso, no qual a eleição para a presidência do Senado é apenas pano de fundo para as pretensões de Renan e Sarney.
Se o plano vingar, Tião Viana presidirá o Senado. Lula cumprirá a promessa feita a Jorge Viana em troca do pagamento de mais uma fatura a Renan e Sarney.
Editado por Adriana Vandoni
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