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Cordel-->O Casamento do Cabra da Peste -- 15/05/2002 - 10:46 (MARCUS VENICIUS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Casamento do Cabra da Peste
(Marcus Venicius)
Sou nascido no Nordeste,
e tenho firmeza no olhar.
Sou filho de Cabra da Peste
Com coragem prá brigar

Dou murro em ponta de faca,
cadê o macho preu enfrentá ?
O último correu cum mêdo,
num quer mais nem respirá.

Enfrento visage no braço
e de peixeira se precisar
Mas maldade de graça num faço
pro mode num me sujar.

Já briguei cum oito home,
dá tristeza até contá
um virou mulher
de tanto sopapo levar

Dos sete que sobraram,
cinco viraram padre,
um virou viado
e o outro correu cagado
pro mode não apanhar.

Das coisa que tenho medo,
abaixo de Deus, meu Senhor,
de meu padim Pade Ciço
e São Jose Pescador
é navegar desarmado
nos braços de um grande amor.

Seu minino, tome tento
na estória que vou contar,
prá num dizer que num teve
um cristão prá lhe avisar.

Foi no ano de oitenta,
na cidade de Quixadá,
rapaz moço e bonito
cum uma donzela quartuda,
arresoví me casar.

Ela, irmã de jagunço,
matador da região
o pai era coronel,
parente de Lampião,
a mãe era rezadeira,
mulher santa do sertão

Correram os votos na igreja
Estava iniciada a peleja

Uma semana inteira era curta
e com um padre filho da puta
resolvi me confessar.
Meu filho,
danou-se o padre a falar ,
Você escolheu seu destino,
e agora vai se casar,
é o passo mais importante
que todo homem vai dar.

Respeite a mulher amada
prá evitá confusão
se lembre da família dela
que tem parte com o cão,
Cubra de amor a donzela
e no dia da rapinguela
você deixe em casa o facão.

Casamento é coisa séria
mas não carece se preocupá
a vida a dois é uma coisa
bonita de espiá
viver de dia se ajudando
e amando ao se deitar
felicidade o dia inteiro,
prá home nenhum reclamá.

Saí da igreja pensando
Eita padre ispiciá
me amedrontou premero
prá depois me acalmá
Se é que entendi direito,
vou me casar ligeiro
prá depois me encostá.

Na vespa do casamento
o pai da noiva me chamou
prá em sua casa entrar
cunversá de home prá home
prá acertá os pontero
prá ninguém se enganá

Seu cabra, disse ele:
embora eu num queira
minha filha amanhã faz a bestera
de com você se casá.

Tomou uma lapada da fria
disse hoje eu lhe exijo
que trate bem minha filha
não aponte prá fora o mijo
que desde ontem que eu bebo
se mijar fora eu te capo
tu vai virá muié femea
que passa o dia cantando
e pintando as unha do dedo

E num gesto amalucado,
disse assim mei ligero
vou capá esse safado
que é prá ele num errá primero.

Meu cunhado nesse instante
resolveu apartear,
meu pai, deixe comigo
vou esse cabra sangrar
pois se é prá fazer besteira
ele há de morrer primeiro
para depois se casar.

A sogra de longe afirmou
cabra véi deixe o menino
hoje é um dia ispiciá
amanhã Guilhermina se casa
vamos todos comemorar
assustando assim o coitado,
é capaz que ele não queira
levar a noiva pro altar...

Ontonce, disse o sogro
se é prá deixá prá lá,
seu pedido é uma ordem
mas ele que preste atenção
Se falhar comigo não me rogue
prá não fazer dele um capão

Dito aquilo a minha sogra,
caridosa como ninguém
chegou-se no meu ouvido
e começou um nhém nhém nhém :
E você, genro querido,
trate de se comportar
lhe entrego amanhã uma flor
pronta prá desabrochar
e o único pedido que eu faço
é você não decepcionar

Saí dali aperreado
pingando de tanto suar
ainda quis voltar lá
prá umas verdades despachar
mas lembrei da peixeira do cunhado
e da pistola do meu genro.
Pensei comigo, arre égua
é melhor deixar prá lá.

Amanheceu o grande dia
começou o meu pená
na hora do casório
a igreja estava cheia
Vei gente de todo canto
andaram mais de légua e meia
prá poder participá.

Terminado o casamento
meu sogro já mei chutado
amuntado num jumento
chamou os convidado
prá fazenda Sacramento

Chegando lá, foi um estrago.
O home tinha preparado
a cumilança do casamento
Matou três boi de criação,
sete bode, não aumento,
e doze galo capão.

Bebida, fazia lama
buchada de bode, tripa assada
cuscuz de côco e cerveja
ali não faltou nada.

Das minha preferença,
a que mais eu gostei
foi da buchada de bode
comi sem deferença
enchi o bucho e bebi
comi o que não se pode

Aí chegou Guilhermina
Com os óio meio pidão:

Mandei celar dois jumento
um leva a nossa bagagem
o outro leva nois dois
que tô que não aguento
contente do coração.

Se aveche home, ligerio
vamo dá prosseguição.
Ficar aqui é um tormento,
resolva a minha situação.

vixe, home, danou-se
a muié tá querendo ripa
que eu aparte os ligamento
que esbandaie logo as tripa

É hoje que a casa cai
e eu deixo de usar a mão...
Os anjo do céu não sai
prá não ver a perdição

Sustei a rispiração,
ajuntei muié e trouxa
e saí na escuridão

A viagem prá casa foi boa
cum a muié a orar:

"Valei-me santa Galôa
Venha me apaziguar.
Minha secura é das grande
Não deixe esse cabra faltar.

Dê-lhe sustança e força
prá quando chegar o momento
e eu deixar de ser moça
Que ele acabe o meu tormento
Me pegue com gosto e gana
acuma se fosse um pilão
Que esse cabra sacana
Me deixe lascada no chão
Confio em ti minha santa,
Nessa minha provação"

Chegando em casa, apeei
Peguei a noiva nos braço
Medi a distancia da porta
e me ocorreu um pensamento:

Essa caboca é das boa
e cum ela hoje eu me lasco
se deixar eu varo a noite
e tiro a tampa do tacho.

Foi quando eu ia botar
aquele pedaço na cama
bateu uma dor de barriga
que quase me deixa tonto

Não teve apelo, arripito
nem santo que desse jeito
a muié pedindo no grito
e eu com uma dor no peito

Muié, cê me adisculpe.
Que isso num é passagero
Mas cum essa dor de barriga
melhor eu cagar premero.

Quando eu ia me virando
na direção do banheiro
soltei um peido tão grande
que quase não cabe no cú...
O barulho foi tão desgraçado
que rachou a parede do quarto
fedeu mais que a carniça
de um bode tendo um parto
.
Muié, me acuda, gritei.
Eu agora me caguei.
Estou me desmanchando
É merda pura que eu sei.

Guilhermina assustada,
pedia proteção:
Valha-me Dé com o Paulo
Valei-me Santa Galôa
Me livre mais que ligeiro
deste momento de engôdo.
Não vim prá ca para ver
O home cagar-se todo.

Foi quando soltei outra peidola
esta pior que a premeira
foi bosta prá todo lado
que quase me arranca as bera

A muié apavorada
correu prá porta da casa
me olhando a chorar
comigo voce não fica
prá em cima de mim cagá

vai-te fi de uma égua
segue teu destino, cagão
que depois que eu te deixar
tu vai virar capão.

Saiu pela estrada a gritar
Arre égua, Deus me acuda
como fui me ajuntar
com esse filho da puta

E foi assim que acabou
esta estória cabeluda
Muito obrigado a voces
por ler esta barracuda
e aos casantes parabéns
por sua vida que muda.
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