Ontem vi você na rua. Estava de mãos dadas com outra pessoa que sorria, olhando pro mundo.
Fiquei observando você que, ao contrário dele não sorria. A sua fisionomia estava séria e taciturna Fiquei pensando, não era o que você queria? Então porque aquela sua cara amarrada, contrastando com o ar de felicidade de quem sentia na sua o calor da sua mão?
Parei por alguns momentos para voltar a um passado não tão distante. Vi-nos naquela mesma rua quando nós caminhávamos , não de mãos dadas mas sim abraçados, de corpos juntos no mesmo balanço de andar... Aí me veio sua imagem fagueira, seu sorriso aberto e brilhante,seus cabelos soltos ao vento.
Percorri os lugares onde estivemos, os recantos escondidos onde demos vazão aos nossos sentimentos, onde fizemos amor...Ainda em meus ouvidos vêm os seus murmúrios e com eles os seus tantos pedidos para que lhe fizesse um filho...
Era todo de mais que você desejava e eu estava sempre reticente em lhe atender o pedido...
O meu mundo esteve pequeno enquanto a tive comigo...Por bom tempo você me amarrou com a sua forma louca de fazer amor e o seu sentimento de posse... a sua cadeia não prendeu meus sentimentos porque não foi cadeia de liberdade, esta que retém e não prende e torna-se um porto seguro para onde sempre voltar...
Saí de você a duras penas... Saí de você, deixando cair algumas lágrimas, porque era preciso deixar com você a liberdade de realizar os seus sonhos, todos eles...
Mas vendo você ali, de semblante carregado, concluí apenas que aquele que lhe tomava as mãos estava sendo apenas um iludido com o brilho da sua beleza e o que é a sua maneira de fazer amor, mas que não faz como você, da maneira como fazíamos, pois fui eu quem lhe ensinou tudo o que você faz, que puxou de dentro de você o amor que é...
Meus olhos marejaram e a saudade me bateu forte.
Ah, mas quanta vontade de gritar, naquele momento - volta meu amor que eu lhe atendo o pedido!