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Cordel-->O VINHO NO PARAÍSO -- 15/05/2002 - 00:18 (Paulo Robson de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Cordel dedicado a Deny Gomes,
Senhora dos versos selvagens da Ilha da Poesia (ES)




Quando na Terra pousaram,
vindos de estrelas distantes,
refletiu em seus semblantes
a Beleza que encontraram.
Os homens que os avistaram,
do mesmo modo luzidos,
ofertaram-lhes cozidos,
sucos, biscoitos e doces,
mil agrados pra que fosse
feito um pequeno pedido.


(Deuses)

— Mas a Terra é tão bonita!
Tão cheirosa! Tão azul!
Vê-se o Cruzeiro do Sul
de maneira jamais vista...
Cada estrela, nesta pista
Via Láctea derrama
o leite que sai da mama
do Universo, céu bonito
recarregando o infinito
universo do artista...

— Com tantos mares, campinas,
flores, bichos, correntezas...
com tanto manjar na mesa
encantando até as meninas
das nossas lentes divinas,
como pode ser possível,
humanidade risível!,
ainda haver um só desejo,
mesmo que um simples lampejo,
neste paraíso incrível?


(Homens)

— Sabe o que é, gente boa?!
A coisa tá quase chata!
O tédio quase nos mata!
O doce demais enjoa.
Esta vida, de tão boa,
deixa-nos tão desumanos...
Descobrimos, há alguns anos,
que essa nossa natureza
quer um pouco de dureza,
quer remendar velhos panos.


(Deuses)

— Ingratidão do capeta!
Querem o cansaço da lida?
Ou a imperfeição da vida?
Querem o relento, a careta?


(Homens)

— Ingratidão do capeta?
Que suportem por mil dias
comer uvas com ambrosia
ouvindo harpas e trombetas!
Sim, vamos rir da careta!
Queremos a perfeição
da vida em transformação...
da flor que nasce ao relento...
doce suco acre fermento
cabem na fermentação!


— Nada perfeito de tudo
nem totalmente imperfeito.
Que sempre exista outro jeito,
uma espera... um outro estudo...
Ter conforto sem, contudo,
gerar, ao lado, a miséria.
Ter o riso em coisas sérias...
Ir à fonte bem sedentos
e sorvê-la em um momento...
Trabalhar para ter férias.

— Queremos coisas pagãs
para animar nossa festa:
carnaval-forró-seresta...
a tentação da maçã...
ou um misto de Satã
e Deus na mesma jarreta!

— Um povo de outro planeta
nos contou de uma bebida
sábia que, se bem sorvida,
deixa a gente bem porreta!

— Disse, por correspondência,
que da uva tiram o mosto
e um maravilhoso gosto
faz-se com tal persistência,
que nem a tenaz ciência
o reproduz totalmente.
Liguem o vão existente
entre o divino e o profano!
Por favor, tracem um plano!
Matem a sede da gente!!


(Deuses)

— Tá bom! Tá bom. Cês venceram.
Vão ganhar a tal receita
e uma ajuda na colheita
de tanto que convenceram!
Já que vocês escolheram,
vamos dar um VIVA a isso!,
porque este compromisso
temos com a Humanidade:
nas suas questões, vontades
procuramos ser omissos.

— Pois o Homem, deste jeito
sempre querendo ser mais,
quase nunca anda pra trás,
cresce na mente e no peito.
E depois de tudo feito
refaz outro pedacinho...
reinventa o som, o vinho...
Pena que, nesta avidez
de acabar com o que NÃO fez,
destrói o próprio caminho.

***

Desse modo o santo vinho
foi feito neste planeta.
Os deuses, em um cometa
retomaram o seu caminho
partindo para outro ninho
de estrelas, em outra margem.
Pra lembrar destas paragens
embalaram um garrafão
cheio de fino alemão
para brindar na viagem.



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