RELEMBRAMOS a sacanice que fizeram com a gente. Descontaram, novamente, o que já foi pago na frente. Reforma da Previdência, o disfarce adotado. As filas continuam. Apesar do planejado. O déficit nem se fala. Cada dia é aumentado. Anda sobrando incompetência. Anda solta, por todo lado. Falta controle e gerência. Sobra buraco na estrada. Só se fala em reeleição. Para fazer o quê? Ninguém sabe. Mas nós, os inativados. Gatos velhos, escaldados. Já sabemos de antemão. Não metemos mão em cumbuca. Nada de repetição. Ou se vota em gente nova. Ou se anula a votação.
A SINA DO APOSENTADO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
No tempo de FHC
Era o privilegiado
Com fama de vagabundo
A sina do aposentado
O bode expiatório
O sabão do lavatório
O sujo e o mal lavado
Só ele, o tal do Fernando
Tinha o direito sagrado
De acumular seus proventos
Professor aposentado
Mas quando deixou a gente
E o cargo de presidente
Teve o ganho triplicado
Dois pesos e duas medidas
Para o sujo e o mal lavado
Quem tem a caneta na mão
Ganha provento dobrado
Faz o jogo do banqueiro
Ganha bastante dinheiro
E ainda pede emprestado
Assim passaram os anos
A conta subiu um bocado
O tal do Fernando Henrique
Apostando no fiado
Confiando no futuro
Ficava em cima do muro
De olho no aposentado
O rombo já era grande
Estava tudo acertado
A saída era a mesma
Encontrar logo um culpado
E quando a coisa apertava
De pronto ele lembrava
Do pobre do aposentado
E a história se repete
Volta ao assunto do dia
Querem cobrir o buraco
Com aposentadoria
De novo ele é lembrado
O vagabundo, o coitado
Pelo Lula, quem diria?
A vida é assim mesmo
É feita de desengano
Mesmo quem é companheiro
O grande pernambucano
Que tanto lutou pela gente
Agora que é presidente
Faz a lição do tucano
Esquece o presidente
Da grande classe sofrida
Que vive jogando na loto
Para melhorar de vida
Joga na mega de dia
De noite na lotomania
Não vê porta pra saída
O Robin Hood às avessas
Quer cobrar do pobretão
Para entregar aos mais ricos
A sua contribuição
Parece que o aposentado
Nasceu para ser cotado
O palhaço de plantão
Situação cabeluda
Do aposentado careca
Que faz planos todo dia
Para não levar a breca
Mete a mão na raspadinha
Esfrega ela todinha
Chega a sujar a cueca
Sonhando com o dinheiro
Ficar jovem de repente
Bate a cabeça na quina
Da cama, com força, nem sente
Acredita que o dinheiro
Vai deixar tudo maneiro
Firme e forte, novamente
Vai voltar a ser menino
A velhice não lhe agrada
Viver o sexo de novo
Arranjar uma namorada
Deitar com sua morena
Fazer uma dupla-sena
Repetir sempre a jogada
Do jeito que o governo
Pretende fazer agora
Cobrar de novo o descanso
A mão grande não demora
No bolso do aposentado
Que de tanto ser roubado
Já nem liga e nem chora
Daqui a pouco nos resta
Apenas o jogo do bicho
Sonhar com o amigo urso
Vai dar Lula no capricho
Mas posso estar enganado
Pode até dar o veado
Pelo andar do cochicho
Ou zebra, se for o caso
De o projeto ser aprovado
Pois a briga vai ser grande
Quando chegar ao Senado
Passando depois pra frente
Homologa o presidente
Não se iluda, aposentado
Bote a boca no trombone
Constitua advogado
Arrole bom argumento
Pra constar do seu mandado
Busque o Judiciário
Não se faça de otário
Não fique ai parado