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Contos-->Cenas do descobrimento -- 27/06/2001 - 17:03 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cabral

-Pô, Américo! Me conta cumé que foi o lance de Colombo nas terras descobertas…
-Foi o maior barato! Todo mundo pensava que Colombo era maluquete. Que nada! Chegou e descobriu na marra. Assim, sem mais nem menos…
-Ah! Vou praquelas bandas também. Mas vou arranjar uma maneira de enganar o rei. Deixe-me ver, deixe-me ver…já sei! Vou fingir que o destino é a Índia e ó…me mando.

Passaram-se meses e Cabral despinguelou pelo mar, doidão para descobrir terras. Num belo dia de abril…

-Cabral, vem dar uma sacada aqui…
-Que foi, pombas!
-Olha lá! Cheio de cocô na água…

Cabral, diante daquilo, chamou a tripulação.

-Aí, cambada, chega mais! Vocês tão sofrendo de algum mal intestinal, desarranjo ou coisa parecida?
-Que nada, Pedro! Nós nem comemos neste navio! Por falar em comer, vê se, da próxima vez, você inclui umas frutas cítricas, porque, senão, a gente fica com escorbuto. Olha a minha boca…tá rachando…
-Esquece isso, agora! Pessoal, tamos com um sério problema…
-É? E que problema pode ser pior do que a fome?
-Olhem para a água e vejam. Tamos circundados de cocô que não é nosso.
-Pô! Será que é cocô de ave?

A discussão continuou, até que o escrivão deu o seu palpite:

-Bicho, tô desconfiado que aquilo é sinal de terra.
-Num brinca!
-Sem brinca, Cabral!
-Que sorte! Aí, vamos procurar terra firme.
-Cabral…
-Que foi, agora?
-Olha lá um morro…
-Tô feito! Vamos arranjar um lugar pra descer, senão nada vai adiantar.

Depois de muito álcool em cima, eles conseguiram um lugar.

-Nosso navio tá seguro pacas aqui, hein?
-Boa! Ô Caminha, pode lançar o nome deste lugar de Porto Seguro.
-Por que tu não escreves?
-Deixa de ser insubordinado! E você sabe que o único alfabetizado aqui é você!

De repente, pelas matas não tão virgens…

-Olha lá! É aquilo que Colombo chama de índio?
-Acho que é…

Chegando mais perto, a moçada tentou levar um papo esperto com a rapaziada nativa. Cabral tomou a frente e falou:

-Aí! Mim homem branco, você não.

O índio:

-Sai dessa, cara! Vai se enturmar!
-Que espécie de gente são vocês?!
-E tem mais, seu homem branco. Se quiser se fixar na terra, vai ter que dar muita miçanga e balangandã pro morubixaba aqui. Mim querer mamata!! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
-Ah, é?! Tão querendo dar uma de gente?! Então, tu vais segurar uma multa por desacato à autoridade, outra por andar despido e outra por ficar fazendo favela, aí, no meio do mato.
-Então, nós vamos cair na paulada, aqui, no meio do mato – disse o morubixaba.

Cabral mandou o índio cair dentro e a pancadaria comeu solta, com torcida para ambos os lados. Até que o nosso comandante levou uma bordoada na testa e pifou. O cacique, cheio de si, perguntou:

-Mais alguém querendo cair dentro?
-Que nada, seu índio. Esquece isso e vamos escambar…

Marcaram uma festa para as sete horas da noite, depois da primeira missa. Mal Pero Vaz de Caminha acabou de recitar uns poemas romanceiros, começou a música. Os portugueses, já meio que matando cachorro a grito, partiram para a convocação das fêmeas. Menos Cabral, que, curiosamente, ficou levando um lero com o morubixaba. A comilança era completa. Desde filé de jaguatirica até raízes. Como bebida, viam-se muita aca e, para as crianças, refresco de guaraná.

No final da festa, quando todo mundo estava no maior porre, Cabral levantou de uma piroga e, todo apavorado, gritou:

-Ai, Jesus ! Caminha, Caminha! E a carta pro rei?
-Num inventa, pá! Volta pra tua piroga e me deixa ficar aqui na moita…
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