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Contos-->A história secreta de Luxemburgo -- 27/06/2001 - 16:55 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era tudo jogada política. Ele não era um técnico de futebol dedicado e sim um político que tentava se promover às custas da Seleção Brasileira e, posteriormente, …pimba! Lançaria a sua candidatura pelo partido mais popular. Se o Brasil fosse penta, até os restos mortais de Charles Müller saltariam do ossário para votar nele. O que parecia ser uma carreira promissora, na verdade, era apenas um trampolim para intenções muito mais abrangentes. Procurava mostrar-se sempre pomposo e elegante, apesar da utilização um tanto duvidosa da língua portuguesa. As primeiras entrevistas mostravam ele e sua esposa num suposto lar cheio de ostentação. Ele olhando fissuradamente um jogo do Corinthians, sob sua direção, e a esposa mostrando-se desinteressada, porém transparecendo um ar doméstico, fazendo crochê numa poltrona aveludada, comprada numa loja de importados. Obviamente, o incidente do Wanderley com a manicura havia abalado um pouco aquela relação, mas nada que fizesse a sua mulher abandonar o maridão no momento em que ele mais precisava dela. Aquele seria um golpe que nenhum déspota jamais pensara. Enquanto vibrava com um gol, na sua cabeça estava a frase que seria o lema oculto de seu governo. “Hoje, São Paulo, amanhã, o Brasil , depois de amanhã, a América Latina e, na semana que vem, o mundo!”. Depois, vieram várias outras entrevistas, mas ele não precisava mais daquilo, pois o povo já o havia consagrado, pintando-o nos muros, nos chãos e nas vidraças. Sempre ao lado da bandeira brasileira, o que, de uma certa forma, enfatizava o lado político da coisa. Obviamente, ele não estava só. Todo o patrocínio vinha de uma multinacional, que tinha a esperança de ficar com um pedaço do futuro império do famigerado dublê de técnico e conquistador dos sete mares. Aliás, isto era contratual.

Um belo dia, começou a Copa América. Ele até passou a dedicar-se com entusiasmo à profissão de técnico de futebol, pois a sua carreira oculta estava dependendo daqueles onze idiotas, que lá estavam superconfiantes, graças a ele que, durante toda a fase preparatória, os havia estimulado com promessas de prêmios e fama eterna. A vitória naquela copa era o primeiro passo de um plano maquiavélico. E ele conseguiu. Chegou, então, a vez das eliminatórias para a Copa do Mundo, segundo grande passo para os seus planos. Aquele perde-ganha que se observava começou a irritar os torcedores. Concomitantemente, para demonstrar o seu poder e capacidade, resolveu também dirigir a Seleção que estava indo para as olimpíadas. Tal qual um tirano, ignorou a opinião pública, chamando quem o povo não queria e excluindo quem talvez fosse indispensável naquele momento. No primeiro jogo, Wanderley começou a suar frio. Porém, os meninos mostraram-se competentes e, com três gols a favor, a vibração incontida extravasou a sua bocarra. Ele começou a pular próximo ao banco de reservas, com o seu sobretudo chacoalhando, como se fosse o Batman após descobrir mais uma utilidade para o seu cinto. A Seleção, realmente, era boa. Podia-se confiar nela. Dela estava dependendo a união dos países latino-americanos. “Vamos lá, moçada! Isso vai ser uma barbada!!”- dizia ele a cada jogo que passava.

Apesar do tropeço na mama África (do Sul), conseguiu chegar à rodada decisiva para as quartas-de-final. Àquela altura, ele já tinha todo o material político para o lançamento de sua candidatura. Tudo preparado. Se passássemos por aquela partida, ninguém mais deteria aquele sujeito inescrupuloso. Por isto, a perna do futuro ditador tremia como vara verde. “Vamos lá, cambada!!”- dizia ele, incessantemente, com o coração na mão. Mas o adversário, indiferente a tudo que acontecia deste lado do planeta, fez o segundo gol e não houve como se igualar ao número de gols feitos pelos jogadores da república dos crustáceos. O Brasil perdeu e todos os planos foram por água abaixo: faixas, cartazes, fotos, bandeirinhas, tudo queimado. De peça fundamental para a conquista do pentacampeonato mundial, passou a inimigo público número 1. Passou a ser o azarão da Seleção, pois ele era o culpado daquela papagaiada toda que vinha acontecendo com a pátria de chuteiras. Nas ruas e no Congresso Nacional, só se lembrava dele como o grande vilão de nossas decepções. As mazelas feitas por ele começaram a aflorar no mar de lama existente entre os cartolas de nosso futebol. Da população, só se ouvia um grito: “prendam aquele FEDEPÊ!! Prendam aquele FEDEPÊ!!". Mas, no país da impunidade, aquilo não foi o suficiente e, em poucos meses, ele já estava de volta, tentando começar tudo de novo.
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