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Contos-->04 - ATRAÍDO PELA CAIPORA? -- 14/07/2020 - 17:09 (GERMANO CORREIA DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

04 - ATRAÍDO PELA CAIPORA?  



Não se sabe ao certo se era uma caipora ou um caapora que em tupi-guarani, significa “habitante do mato”, mas o fato é que naquele fatídico dia, enquanto o pai  de Billy e um amigo seu cortavam uns feixes de lenha na mata, ambos ficaram em apuros com o sumiço momentâneo do garoto.



Eles contaram que o garoto Billy, por alguns minutos esteve sumido e, ao ser encontrado, estava fora de si, quase desnorteado por completo, depois de se perder no meio da mata. Teria sido alguma malvadez praticada por uma caipora?



Segundo a mitologia tupi-guarania caipora ou o caapora é um ente fantástico representado, conforme as regiões, ou com a forma de uma mulher, de uma  perna só, que anda aos saltos, ou como uma criança de cabeça muito grande, ou como um caboclinho encantado, ou como um homem agigantado, montado num porco-do-mato, ou com um pé só, redondo, seguido do cachorro papa-mel, etc.



A verdade é que o autor só está aqui contando essa história, vivenciada por Billy porque o pai e seu amigo foram bem mais ágeis que ele, no instante em que o escutaram chorando bastante e correndo em círculos, motivado pelo incrível encantamento feito pela caipora. Ali, numa investida eficaz por parte deles, conseguiram segurar Billy pelos braços, justamente quando ele realizava aquela sua corrida circular, tendo o capturado em um atalho; ali Billy já estava muito cansado e bastante assustado.



Naquela época Billy era uma criança de sete para oito anos de idade e, visando à iniciação aos trabalhos braçais um pouco mais grosseiros, os pais tinham o hábito de levar seus filhos pequenos para que eles ficassem observando como seria realizada cada tarefa em particular, até o entendimento total daquele serviço.



Em princípio, Billy estava ali sozinho, calado e quieto no seu canto, brincando com alguns gravetos, mais acordado que dormindo, abrigado sob uma árvore que produzia um pouco de sombra, quando ouviu o som de um chocalho que tilintava quase próximo de onde ele estava.



Partindo-se do princípio de que toda criança é assaz curiosa, Billy não poderia fugir à regra naquele momento. Portanto, querendo saber do que se tratava, ele levantou-se, lentamente, de modo que nem seu pai nem o amigo lhe vissem saindo e foi olhar de perto o que se passava por lá.



Ao se aproximar da moita de onde vinha o som do chocalho, não viu nada além do que uma cabra com um chocalho preso ao pescoço, ao lado do seu filhote. Ambos os animais eram de cor preta e comiam, sem parar, as folhas de um arbusto meio rasteiro, ali existente, certamente para saciar a fome.



Por mera curiosidade infantil, ele sacudiu os galhos de um arbusto maior que ficava um pouco próximo desses dois animais, que fugiram assustados. Billy decidiu que deveria sair correndo atrás deles e, poucos segundos depois, acabou por perdê-los de vista; a partir dali, ficou perdido na mata, sozinho e sem um cachorro para lhe trazer de volta para a sombra daquela árvore onde ele estivera antes de ter sumido.



Naquele momento, desamparado e aflito, sem ao menos saber em qual direção e nem a que distancia ele se encontrava do local onde deixou seu pai e o amigo, o mundo inteiro desabaria na direção de sua cabeça e, as partículas dos escombros, decerto, salpicariam os seus pés.



A partir daquele instante, sem saber o que fazer, Billy passou a correr em círculos e a chorar copiosamente, no afã de encontrar o local onde ele estava antes com o seu pai e o amigo; Billy esperava contar muito com a ajuda deste último, uma vez que seu pai era meio surdo e, com certeza, não iria escutar o seu choro.



Ele continuou chorando alto e correndo em círculos e, finalmente, o amigo de seu pai pode assimilar de qual posição da mata saía o som do choro do garoto. Juntos, seu pai e o amigo, correram para lá, foi quando um deles o viu passar correndo e conseguiu pegar em um dos seus braços, já meio alquebrado de tanto cansaço.



Um pouco daqueles minutos que restavam para o pai dele e o amigo irem embora para suas respectivas casas, foi o suficiente para Billy pegar no sono e, ali em sonho, tentar descobrir qual teria sido o motivo que gerou a maneira ardilosa utilizada pela caipora para lhe desnortear, não encontrando uma explicação ou razão plausível para tal.



Tempos depois, quando o amigo do seu pai, por simples curiosidade, quis saber mais detalhes acerca da ocorrência daquele momento aflitivo para ambos, Billy escutou seu pai contar para o amigo dele que, justamente naquele dia, ele tinha esquecido de deixar o costumeiro pedaço de fumo de corda, no tronco de uma árvore, para a caipora fazer seu cigarro ou encher seu cachimbo e não atrapalhar ninguém na mata.



Aquela lembrança meio atrasada de nada adiantaria e nem iria repor as lágrimas de Billy, nem as calorias que ele perdeu naquela corrida em círculos que fez. A culpa, na verdade, recaiu sobre a suposta entidade caipora, que ao ficar irritada com o pai do garoto, acabou lhe aplicando uma reprimenda, em virtude de o velho, na sua condição de lenhador e/ou caçador de pequenos animais, ter deixado de cumprir com a sua parte, ou seja, não ter deixado um pedaço de fumo de  corda e, assim, poder se utilizar, sem sustos, da lenha e da caça daquela mata.



Billy não teria gostado e nem acreditado naquilo que ouviu do amigo do seu pai e, por certo, teria dito:



- Maldita caipora ou caapora! Já que gosta tanto assim de fumo de corda, por que não vai morar lá em Havana, capital da ilha de Cuba, país conhecido como grande produtor dos bons charutos? – assim o teria sugerido em forma de desabafo. 


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