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Erotico-->Minha primeira vez -- 07/02/2007 - 19:46 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Minha primeira vez


Quando eu tinha quinze anos, morando já em Barra do Piraí, RJ, fui pela primeira vez “conhecer” uma mulher. Preferi a Coréia, uma Zona onde o amor era mais barato do que o que se cobrava na “Ilha”. As mulheres exerciam em casas antigas, ao longo dos trilhos da Central do Brasil, nos extremos da rua Franklin de Morais. Era relativamente perto do centro e dava para se chegar lá até mesmo a pé. Naquele tempo ainda não se falava em Aids e sobrava coragem para os novos pretendentes a se tornarem homens enfrentarem os chatos e as uretrites, males que eram comuns, porém facilmente curáveis por qualquer boticário metido a curandeiro. Ali na Coréia, conheci a Maura, uma linda moreninha que tinha cheiro de talco Cashemire Bouquet. Conversamos sobre aquela minha má intenção, gaguejei um pouco, mas logo combinamos o preço e partimos para resolver o meu dificílimo dilema.
Ela seguiu por um corredor meio escuro e eu fui tremendo atrás dela, seguindo-a como se fosse um cachorrinho recém-adotado. A sem-vergonha levantava a saia para me provocar e eu podia ver a sua calcinha azul, cheia de babados e rendinhas horizontais, como se fosse um modelo feito para criança. Ela tinha uns vinte anos, não mais, e dizia em voz alta para que as suas amigas, que ficaram no salão, a ouvissem: “Se alguém me procurar, não me incomodem... Estou namorando pelada com o Dudu...” Para ela eu tinha virado Dudu. Eu lhe dera o meu segundo nome dizendo que me chamava “Eduardo”. Era por isso que ela me chamava de Dudu. Nunca mais me esqueci daquela cena, nem do seu gostoso cheiro de talco Cashemire Bouquet, gravado em mim durante o nosso curto “namoro”. A minha pureza ficou com ela para sempre, talvez até o final dos meus dias. Em troca, o perfume do seu talco nunca mais fugiu da minha memória.
Uma semana depois, ela apareceu com uma colega para almoçar no restaurante onde eu trabalhava. Acho que ela foi lá só pra me ver. Eu tinha um medo danado do meu tio Pedro, que era o gerente do local, e levei um grande susto quando a vi chegando toda alegre e colorida. Era uma tarde de domingo quando as duas entraram. Fiquei com medo de que ela tocasse no assunto do passado ou que pedisse pra eu pagar as despesas dela e da amiga. Fiquei com vergonha também das outras coisas que eu tinha feito, mas ela fingiu que nem me conhecia: almoçou, tomou vinho tinto, distribuiu sorrisos lindos e ainda me deixou uma bela gorjeta.
Acho que eu já estava começando a me perder num amor proibido pela Maura quando fugi em boa hora para Taubaté. Ainda hoje, cinqüenta anos depois, às vezes entro numa farmácia, ou num supermercado, e abro discretamente uma lata de talco Cashemire Bouquet. Gosto de lembrar do cheiro dela, do perfume que ela usava. A saudade da primeira vez tem uma estranha cor de pecado, é um negócio proibido mas é uma delícia.


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