Quando eu completei 18 anos de idade fiz meu título de eleitor , pois já estava na hora e naquele ano haveria eleições . O problema é que três meses antes do evento , recebi uma carta do T R E convocando - me , de uma forma obrigatória , para trabalhar nas eleições . Segundo esta missiva caso eu me recusasse teria que pagar uma multa e até poderia ser presa . Logo fui ao tribunal conversar com o responsável . Ele me indicou a escola em que eu iria trabalhar como mesária e me explicou que nada seria pago por este serviço . Então eu disse que pelo menos eles deveriam pagar uma quantia simbólica , mas a pessoa explicou que isto não seria possível pois pesaria nos cofres públicos .
Quatro anos depois , tive a mesma surpresa quando recebi uma outra carta do T R E obrigando - me a trabalhar nas eleições novamente . Como era esperado , fui até o tribunal e o responsável falou que desta vez os mesários teriam direito a um vale - alimentação .
Mais quatro anos passaram - se e , de novo , fui convocada para trabalhar nas eleições . Desta maneira , fui até o tribunal e reclamei :
- Poxa , já é a terceira vez que mandam carta para a minha residência obrigando - me a trabalhar de graça nas eleições !
- Como vocês escolhem os mesários ?
Deste jeito o responsável explicou :
- Nós sorteamos os mesários através de um programa de computador , portanto não há perseguição .
Assim eu disse :
- Então deve ser o sistema do computador que não gosta de mim ...
Desta maneira a pessoa consultou o sistema e notou que , na minha zona , foram convocadas pessoas o suficiente e me dispensou .
Depois , graças a Deus , nunca mais fui convocada para exercer atividades nas eleições .
Aqui noto que esta atitude de convocar pessoas contra a vontade é um método que não é democrático . Neste caso , o governo até teria o direito de chamar as pessoas para trabalharem como mesários . Porém , em compensação , só seria justo se ele pagasse pelo menos vinte reais para estas criaturas , que é o valor que o comércio paga para as pessoas que fazem extras nos domingos .
Luciana do Rocio Mallon
