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Poesias-->Ciclo Lítico -- 01/08/2001 - 21:28 (Saulo Medeiros Aride) |
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Ciclo Lítico
Claridade.
Nascia o Menino.
Cabelo escasso, sorrindo sem dentes.
Os parentes a correrem e elogiarem e pegarem no colo e mostrarem pros outros.
Todos loucos para que ele saísse logo do hospital.
Lindo, o Menino.
Crescia brincando
Pulando
Gritando
Gargalhando
Dançando
Esperneando.
E ia na escola e brincava e fazia cursinhos judô natação futebol capoeira.
O Menino agora era o Rapaz.
Pulava junto com os outros,
Dançava igual a todos,
Pulava só no ritmo,
Ria educadamente com a mão na boca sem mostrar os dentes ainda mais na mesa que é feio.
Ia na escola com os amigos e com eles ia aos cursinhos judô futebol academia.
Estudou, o Rapaz.
Agora, é o Dr. Sobrenome, phD.
Não pula mais, só grita às vezes por dor no futebol com os vizinhos.
Dança nas festas de terno e gravata com a esposa maquiada que ri e olha para os lados.
Chega em casa e afrouxa a gravata e dá um beijo na testa da mulher descabelada que dorme no sofá.
Só ri na frente do chefe barrigudo que lhe aperta os ombros e dá tapinhas nas costas.
Envelheceu, o dr.
Virou o Velhinho.
Cabelo escasso, sorrindo sem dentes.
Envelhecia rindo
Gargalhando
Gritando
Esperneando.
Os parentes a rirem das gracinhas e falarem baixinho pra ele não escutar.
Todos loucos para que ele saísse logo de casa.
Coitado, o Velhinho.
Escuridão.
Morria o Velhinho.
Saulo Medeiros Aride - 17/06/01 |
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