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Poesias-->Melancolia de um “gauche” sociável -- 01/08/2001 - 21:27 (Saulo Medeiros Aride) |
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Melancolia de um “gauche” sociável
Arrumava-se de manhã e partia para o trabalho,
De terno asseado,
engomado
e bem limpinho.
Rosto vermelho da quentura que sentia
Do aperto da gravata que nunca quisera usar.
Chegando ao emprego, sério e altivo,
Buscava parecer feliz
Buscava ser bem sucedido.
E aturava todos aqueles chefes chatos e ricos
E repetitivos e sem graça que tanto odiava.
Mas tinha que parecer adorá-los
E tê-los como exemplos de felicidade ainda maior
(Como se felicidade fosse algo
Que dependesse de exemplos
E que se pudesse medir).
Ao voltar pra casa, mal abria a porta,
Jogava os sapatos apertados longe
Arrancava a gravata pela cabeça
Largava o paletó no chão.
A camisa ia pro sofá e as calças
Ficavam na posição em que eram tiradas.
Já sem roupa alguma a incomodar-lhe,
Corria para a janela e resmungava da vida em tom alto.
E a vizinhança toda ria
quando via que
Ele estava em casa.
Desnudo,
Pegava então a surrada maquininha de escrever,
Tão querida e tão companheira
(Talvez a única companheira fiel que possui).
E, ao chorar os primeiros versos,
Deixa de sê-lo e passa a ser-se.
Saulo Medeiros Aride - 27/6/01 |
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