Antigamente, lá na região da minha Passa Tempo, o casamento seguia certas regras, como acontecer entre parentes para preservar a riqueza na família, sempre que possível a moça prendada deveria casar com aquele indicado pela respectiva família e nunca com o seu eleito. Então, veja o que ocorreu. Uma moça da Cidade era muito bonita, foi para a vizinha Cidade de São João Del Rey, formou-se professora, aprendeu música, a tocar piano, a fazer trabalhos manuais e a falar inglês, de sorte que não é preciso nem dizer que era prendada ao extremo e que era filha de família abastada. Quando concluiu seu curso e voltou para a terra natal, seus pais escolheram um rapaz filho de um fazendeiro do Município para com ela casar. Só que todos da Cidade achavam aquele namoro muito esquisito porque apesar de rico o noivo era um homem muito feio e além de tudo muito ignorante, podendo-se dizer que era muito bronco para casar-se com uma jovem tão fina e tão elegante. Mas não teve jeito, era o que a família queria e aconteceu, porque ele era uma das maiores fortunas da Cidade. Mas um fato foi marcado como muito interessante no dia do casamento. A jovem por várias vezes manifestou à sua mãe a preocupação de lidar com o noivo na primeira noite, já que ele era muito rude. Então a mãe lhe disse o seguinte: “ minha filha se ele fizer grosseria com você , você grita que eu mais o seu pai vamos ficar acordados e qualquer coisa a gente arromba a porta do quarto.” Quando todos os convidados foram para as respectivas casas e ficaram na casa o noivo, a noiva e os pais dela e como já era tarde cuidaram de se deitar. Quando os dois entraram para o quarto a mãe ficou de plantão ali por perto, de antena ligada para ver o que iria acontecer. Num certo momento a sogra ouviu ele falando alto: O Gerarda me dá essa faca ai deixa um fazer um rasgo bem grande que fica fácil de entrar …” A mãe, muito preocupada, arrombou a porta do quarto, pois achou que ele ia usar a faca para outros fins. Sabe o que ela apurou: era o genro que estava experimentando uma botina gomeira muito apertada, que havia ganho de presente e que estava difícil de calçar no seu pé esquerdo…
