E não é que ele conseguiu? Saindo do Brasil com pouco dinheiro no bolso, e ainda levando a tira-colo um cara ainda mais liso do que ele, Aprígio finalmente chegou onde queria: no Iraque. A primeira parada foi a Itália. Lá dormiu dois dias e uma noite no aeroporto a espera de uma conexão até a Jordânia. Descobriu, dentre outras coisas, que na Itália também existe ladrão. Passaram a mão na valise em que Zé da Banguela carregava seus pertences, embora estes não tivessem qualquer valor.
Da Itália seguiu até a Jordânia, onde conheceu, graças a Zé da Banguela, o grupo de jornalistas portugueses que falei em um dos capítulos anteriores, e que foram de grande valia na incursão de Aprígio ao Iraque. Ao contrário deste, sempre recatado e cheio de ideais, Zé da Banguela sempre foi super-extrovertido, fácil de fazer amizades, embora nunca tenha sido atraído por ideal algum.
Os jornalistas portugueses apresentaram aos dois malucos brasileiros um americano sócio de uma rede de restaurantes. Tarado em guerras, já esteve em quase todas, das Malvinas até a de Kosowo, sempre a procura de aventuras, teve também um papel preponderante no Oriente. Seu nome era Ted, e foi quem incentivou Aprígio a escrever sua filosofia, inclusive prometendo patrocinar a publicação de alguns folhetos.
Ted, por sua vez, conhecia um Árabe, que tinha parentes morando na capital iraquiana. Sharon tinha aproximadamente quarenta anos, era bastante magro e tinha um vício do qual Aprígio sempre abominou: cuspir no chão.
Juntos, Aprígio, Zé da Banguela, Ted, Sharon e os dois jornalistas portugueses, Joaquim e Manoel (só para variar), chegaram à Bagdá dentro de um micro-ônibus que caia aos pedaços, e que Ted alugou por trinta dólares à diária.
Já na metrópole iraquiana, que naquela tarde estava coberta por uma espessa camada de poeira, Aprígio, juntamente com a sua turma, foram direto à casa dos parentes de Sharon, na tentativa de encontrá-los vivos. No caminho, Sharon apontou para um enorme palecede semi-destruído, dizendo, em inglês, que era uma das residências de Sadam.
Nele ainda havia fogo saindo de alguns dos inúmeros aposentos. Embora visto de fora, deu para se ter um idéia de como era suntuosa a construção. Afora isso, outra coisa chamou a atenção de Aprígio e companhia. De lá de dentro saiu a toda velocidade uma ambulância. Uma pequena multidão, que estava do lado de fora acompanhando o resgate, comentava: Sadam morreu, Sadam morreu. Será?
!!Próximo Capítulo: A Filosofia Aprigiana e a Gerra no Iraque.
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