Que tristeza danada
Que tristeza grande e danada eu senti naquela hora que deixei pra trás meu chão e as esperanças que não deram na nada em minha vida, em troca de um sonho por uma melhor.
Milha filha, que era uma criança muito pequenina e hoje é uma bela mulher, e eu nunca mais nos vimos. Ela tinha seus olhinhos pequeninos e espertos brilhantes de lágrimas que me diziam em seu silêncio: “Não vai papai. Volta logo, não me deixe sozinha não”.
Um nó bem forte em minha garganta quis me prender, mas eu o soltei e fui embora porque precisava, não tinha outra saída. Estava cercado pela necessidade e ali quando eu ganhava era pro pão.
Jurei pra mim mesmo não demorar e voltar livre da miséria que me cercava.
Não deu não... O que era sonho se fez pesadelo e o destino me fez prisioneiro, transformando a distância em cela segura.
Que tristeza grande e danada, só que muito maior do que aquela da hora da partida é essa que agora me assola, enquanto anseio por e espero poder rever um dia as pessoas amadas que deixei. Cada dia que passa no tempo aumenta meu medo de ter sido na verdade aquela a hora do adeus. |