Que estranho é entrar na Usina e não ver mais os escritos a que me habituei nesse último ano. Uma pena que este site tenha dado uma pirueta e aterrissado no nosso pescoço. Estamos um tanto sufocados - a garganta tolhida pela ausência de grandes escritores, a garganta apertada pelos desvios de nossos anseios literários, a garganta seca pela falta dos escritores que nos davam incentivos (mesmo não o sabendo).
Uma pena. Gente a que me acostumei a ler, um dos meus primeiros movimentos depois do café da manhã - o Aulow, a Sal, a Leila Silva, a Charliza... Gente que não aparece mais. Espero que algum dia retornem. Não sei se posso pedir isto. Eles terão suas razões (como Sal explicou a dela, em carta) para não pisarem aqui mais.
Sinto muito. Sinto falta deles e de outros, aqui não mencionados. Eu ria com as graças pára-euróticas do Aulow, me enriquecia com as reflexões da Sal, alimentava minha imaginação com os contos da Leila, me refestelava com as crônicas do Randap. E agora?
Nâo tenho mais aqueles escritos para ajudar minha vida diária. Parece uma cena "dejà vue" - como as cenas de amigos que saem da cidade e, apesar dos abraços de despedidas e promessas mútuas de continuidade, sabemos, eles e nós, que tão cedo não nos veremos.
Que pena mesmo. Este é o sistema capitalista na sua pior face (pois há coisas boas no capitalismo também). A pior face - a eliminação sumária de valores, "sem mas, nem meio mas" -- é assim, e ponto.
Se a Usina não consegue vender espaço para publicidade, não faz dinheiro. A falha é da direção da Usina. Para continuar a lucrar, voltou-se para os escritores. Como site , deveria ter a capacidade de gerir seus negócios, mas não conseguiu. Então encurralou os escritores - muitos saltaram o cerco e se foram. Pagar pela incapacidade que a Usina demonstra em gerir seus negócios? Por que deveriam fazer isto?
Minha sincera opinião? A Usina deveria acabar. Ponto.
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