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Cronicas-->A Tempestade -- 09/09/2008 - 16:29 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A tarde era nebulosa e ela se lembrava vagamente de ter visto um vento assim tão forte, não se recordava de ver as copas das árvores balançarem tanto nem de tantas folhas secas a revoarem em redemoinhos tardios para a época. Os noticiários vinham alertando para as mudanças, graduais e irreversíveis e todos se surpreendiam com as maluquices do clima. Mesmo ela que estava acostumada a andar como se fosse em terrenos minados se assustava com a violência das tempestades fora de época que assolavam sua cidade há dias. Baques surdos denunciavam as lufadas que derrubavam placas de trãnsito, fios de alta tensão e torres de telefonia. Talvez daí a incomunicabilidade de grandes áreas de seus país, as áres escuras, como assim o diziam os serviços de atendimento ao cliente. A voz anódina e anasalada informava:

--"Fora de conexão. Tente outra vez..."

...Mais tarde ela tentava porque seu amor estava em um congresso em região distante e ele também tentara em vão, porque a mensagem dizia "fora de área", ele entusiasmado com os trabalhos que apresentavam em grupo queria comunicar a ela seu grande triunfo e ouvia nas janelas as lufadas do vento insano que fizera todos se refugiarem dentro do Hotel numa hora que seria mais interessante caminhar pelo sol do clima ameno da região e ele olhava pela janela e via o mar encapelado, cheio de cristas brancas que se aproximavam velozmente da costa num presságio estranho enquanto o horizonte se turbava de carrancas ameaçadoras e ele pensava nela em meio ao burburinho das mesas dos congressistas, uma delas uma morena interessantíssima de olhos grandes e corpo idem, afinal eles stavam tão longe que não custava pelo menos eles conversarem, quem sabe de um bom bate papo surge uma amizade que dure muito tempo; ele foi à sua mesa onde ela se encarregava de distribuir os palestrantes do seminário sobre as mudanças climáticas. Ela o olhou e o achou muito bonito, as sobrancelhas dando-lhe um ar ao mesmo tempo sisudo e divertido, foi a primeira coisa que pensou sobre o moço que se aproximava dela e engraçado, ela pensara em fazer o mesmo, estava se sentindo tão só em meio ao caos das traduções e ao volume dos trabalhos que mal deu tempo de notar que seus olhares se cruzaram de maneira indelével e aquelas marcas que cruzam o espaço estavam todas latentes entre os dois quando finalmente ela o olhou e disse olá, começando assim um diálogo que se tornaria masi intenso à medida que os dois descobrissem qua havia algo mais do que afinidades profissionais entre eles do que anunciavam as nuvens do céu que preparava uma pequena surpresa para todos os palestrantes e foi um uivo que anunciou a chegada de uma tempestade que cortou as luzes do auditório em meio a gritos e barulhos de vidros quebrados...

--"Fora de área, tente de novo" e ela sentia os baques surdos dos remoinhos de vento a solaparem os telhados da velha casa onde haviam fincado moradia depois de meses de negociação com os donos já velhinhos; foram duras as propostas mas no final, seu marido os convencera a vender a casa pelo justo preço visto que as reformas deveriam consumir muito dinheiro e ela via as copas das velhas árvores se agitarem e não foi sem espanto que viu um galho enorme se partir com estrondo e cair no quintal arruinando os móveis de madeira talhada que haviam sido postos lá no último fim de semana, ela podia ouvir ao longe um grito ou um ruído de vidros partidos, já ouvira isto em tempestades, eram vidraças de prédios que se partiam em movimentos rápidos antes de serem fechadas com estrépito pelos moradores assustados pela violência com que chegava a chuva que se anunciava pelos trovões e relàmpagos difusos e incessantes. Ela quase podia pensar nele, em meio ao caos da escuridão e das vozes abafadas pelos silvos da ventania a pegar na mão de sua colega e puxá-la para sí, em meio à turba, no escuro da momentànea falha da energia e passar-lhe a mão na s coxas sendo correspondido com um beijo de arrasar um quarteirão, ela quase podia sentir seu hálito quente próximo das orelhas da bela morena e os dentes dela em suave sorriso e anunciarem o prazer que poderia ser e não houve, porque no momento em que se beijaram, no exato instante em que as mãos dele percorriam suas nádegas, a luz de emergência acendeu os holofotes e ela, ressabiada, se afastou prudentemente, até porque poderiam vê-los juntos mas não sem antes deixar com ele um cartão com suas informações pessoais e contato telefónico, no caso de se perderem dali em diante. Ele, excitado, guardou o pedaço de papel no bolso de trás da calça e se pós a caminho das saídas que os guardas sinalizavam, entre urgentes pedidos de pressa e lanternas para ajudarem as pessoas a enfrentar o momento com mais lucidez. Ele precisava de mais clareza, respirou fundo quando saiu para fora mas o que viu não lhe agradou, as ondas encapeladas batiam furiosas no cais a duzentos metros levantando enormes franjas de espuma e os impactos eram sentidos no chão como marteladas duras e surdas. Ele olhou o céu e o enorme círculo de escuridão denunciava a chegada de algo mais que uma tempestade tropical. Bem que ela lhe dissera, é uma época difícil, tudo muda de repente por estas bandas mas era sua chance de mostrar seus trabalhos, era sua vez de procurar a glória. Ele sentiu seu peito apertado quando procurou sua morena e ela se fora, em meio ao barulho das buzinas e dotrànsito já complicado pela fúria da chuva que se avizinhava, chegou ao hotel e tentou um contato..."fora de área..." e bateu o telefone furioso, nestas horas é que a tecnologia se torna inútil e nestes tempos é que as pessoas se conscientizam de quão frágeis sãos os limites do impossível e do improvável. Ela, do outro lado, esperava seu contato enquanto a outra via o vento carregando folhas de seu jardim que lutava para se mantesr de pé. Ela olhava o telefone mudo e impostor, mais uma máquina impotente contra os males do mundo, os postes haviam sucumbido e o telefone em sua mão jazia qual um cadáver de um hamster cinzento. Maus presságios, ela remoía e ele lá no seu hotel tentava de novo e falava com a recepção, onde posso encontrar a senhorita...ah sim, quarto....pois não, aguardo e do outro lado a voz inconfundível dela questionando se estava bem porque ela não o vira sair, pensara que acontecera alguma coisa pois alguém disse que o pavilhão sofrera danos irreparáveis. Não, estava bem e ansioso, que tal um encontro agora e ela sabia o que se aproximava, o olho de uma tempestade que mudaria suas vidas para sempre, talvez fosse isto mesmo porque quando se encontraram foi na penumbra que se beijaram avidamente, a nudez quase instantànea dos dois e a consumação do que seus olhos, os de ambos, já traíam assim que se viram e se reconheceram um no outro como duas metades que agora formavam uma só fruta no jardim das delícias da tempestuosa noite. As ondas mais do que próximas romperam os diques e as amarras de seus sentidos e em fúria eles se amaram sem nenhuma restrição, sem culpas em meio aos vórtices e turbilhões e espumas das águas que insistiam em subir as escadas de seu hotel abandonado às pressas. Eles continuaram e se recusaram a abandonar o navio qua haviam tomado como o seu...

"--Linha sem sinal, favor insistir..."

A fotografia do casal de estrangeiros chamou sua atenção quando noticiaram que muitos haviam perdido a vida em uma ilha arrasada do Caribe...
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