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Contos-->O retrato de Emília -- 23/06/2001 - 18:26 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carlos e Marta estavam sentados na poltrona da sala de estar. Conversavam sobre o tempo que passou tão rápido. Sobre os seus filhos e a necessidade de que eles tivessem uma boa educação, para que pudessem ser alguém na vida. Tudo passava e para trás ficava um enorme rastro da vida em comum que levavam há tantos anos. De repente, um ímpeto fez com que pegassem os álbuns de retratos para ver os momentos que marcaram cada etapa significativa daquela relação. O colégio onde se conheceram, os amigos de juventude, as festas, os passeios. Tudo sempre juntos. Num desses retratos estava a solidária Emília. A amiga que, percebendo o interesse de um pelo outro, planejou uma maneira para que eles se encontrassem. Por onde ela estaria, depois de tanto tempo? Decidiram revirar todos os endereços e telefones que tinham, para ver se localizavam a velha amiga. Marta estava muito ansiosa. Rever Emília seria como voltar a ser jovem, pelo menos nos primeiros momentos do reencontro. Mexeram em todos os papéis e lembranças que guardavam, até que apareceu um telefone com o nome da amiga. Telefonaram e uma voz feminina atendeu, dizendo que já havia tempo que ela não morava mais ali. Estava morando do outro lado da cidade. Anotaram o novo endereço e foram dormir, cheios de planos e saudades.

No sábado seguinte, resolveram pegar o carro e ir até onde Emília estava vivendo. Com certeza, ela iria ficar muito contente ao rever os dois. Ao chegarem lá, deram de cara com um bairro muito pobre, onde crianças largadas brincavam nas ruas. Por cada esquina que passavam, havia uma birosca, com meia dúzia de desocupados que os olhava com um certo ar de repreensão. Quando chegaram ao endereço que tinham em mãos e bateram na porta, uma menina mal-tratada os atendeu. Apesar da aparência, percebiam-se na garota traços muito bonitos. Quando perguntaram por Emília, ela começou a chorar, falando que estava fazendo uma semana que a sua mãe havia morrido. Marta e Carlos se abraçaram, esboçaram um choro e pediram à menina para que os deixasse entrar um pouco. De dentro da casa, saiu, então, um sujeito mal-encarado, dizendo aos dois que sumissem dali o mais rápido possível, enquanto ainda pudiam. Desnorteados, voltaram para o carro e saíram pelas vielas, tendo alguma dificuldade para encontrar o caminho de volta, mas, enfim, livrando-se daquela situação.

Passaram-se alguns dias, até que se sentissem à vontade, outra vez, para falar sobre o assunto. Por que as coisas tinham de terminar assim para as pessoas que eram boas? Como, depois de tanto tempo, eles foram se lembrar da amiga, justamente uma semana depois da sua morte? Cheios de perguntas e saudades, voltaram a folhear os álbuns. Já não havia nenhuma graça em olhar as fotos do tempo de colégio. Cada momento feliz estampado nas figuras os fazia perceber que eram uma exceção no mundo real. Ao folhearem a página em que estava o retrato de Emília, não o encontraram lá. Talvez tivesse caído, naquele vira-e-mexe das últimas semanas. Talvez…
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