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Artigos-->169. QUANDO A MENTIRA TEM PERNAS CURTAS — ROMILDA -- 07/04/2003 - 07:21 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Quando se diz que “o dia está propício para a psicografia” (ver a mensagem anterior), não se quer, necessariamente, referir-se ao fato de que aqui, neste cantinho perdido do mundo, haja a paz necessária para que tudo decorra de conformidade com as diretrizes traçadas pelos espíritos superiores, para que tudo venha a ser consignado como se configura na mente de cada um dos envolvidos. Quase sempre as pessoas se sentem prejudicadas em seu trabalho, porque se consideram aptas a receber os espíritos mais evoluídos e, quando percebem que só sofredores é que aportam ao seu ancoradouro, ficam enciumadas e desejosas de que tudo não possa dar os resultados previstos ao início de qualquer sessão de caráter espirítico.



Eu mesma não sei dizer se estou alegre ou triste por estar manifestando-me tão facilmente junto a este médium. Esperava vê-lo perturbar-se e, no entanto, a sua caneta corre muito depressa por sobre a folha, a demonstrar, sem sombra de dúvida, que a afirmativa do orientador estava absolutamente correta. Não quero, portanto, ficar atrás e vou deixando o meu recado, pedindo humildemente desculpas por não ter percebido a verdade mais evidente: que o ambiente estava completamente protegido, o que para mim acabou sendo verdadeira armadilha. Não quero magoar ninguém: quando disse “armadilha”, deve a palavra ser entendida no bom sentido, sem qualquer malícia de minha parte.



Fazem-me sinais para que prossiga, falando um pouco da minha vida na Terra. Sei que tudo o que disser poderá voltar-se contra mim. Não sei se conseguirei dizer tudo. Não matei. Não roubei. Só menti um pouquinho. É verdade. Continuo mentindo, pois, na realidade, sou mentirosa inata.



Sempre fui estimulada a fazer as coisas contra a minha vontade (como agora), por isso é que me acostumei a mentir. Sei, por experiência própria, que a mentira nunca me ajudou de verdade. Sei que, por causa da mentira, fui julgada muito pior do que realmente fui. Não queria ser transtorno na vida de ninguém, mas nunca soube proceder de acordo com a vontade dos outros. Sempre tive medo de que pudessem surpreender-me implantando mais uma peta, quase sempre inconseqüentemente. Mas o que estou observando é que essa atitude obcecou-me e não posso passar um segundo sequer sem ter a impressão de que tenho de contar alguma mentira que possa esconder minha verdadeira personalidade.



Não vou parar de mencionar os fatos de minha vida, pois tenho certeza de que existem aqui pessoas indulgentes, que se apiedarão de mim e me darão o conforto de que preciso para prosseguir na recuperação que percebo começar. Obrigam-me a confessar que não estou percebendo nada. É isso aí. Estava procurando disfarçar para não macular a imagem de “boazinha” que estava tentando passar.



Acho melhor ficar caladinha, só ouvindo, para não mais incorrer em erro. Sei que vão dizer que estou tomando esta atitude para não ter de revelar mais uma vez a falsidade que se encerra em mim. Então, o que devo fazer? Querem a verdadeira história de minha vida? E se inventar? Saberão distinguir, pois têm uma forma de aparelho para descobrir se a pessoa está ou não falando a verdade. E se não falar nada, ainda assim saberão o que fiz? Não. Então, deixem-me partir. Para onde quiser ir.







Só conto se não for escrito.









COMENTÁRIO — MANUEL



Finalmente, a nossa amiguinha pôde ser encaminhada para clínica de repouso onde receberá os primeiros cuidados, pois se via que estava imensamente necessitada de socorros de urgência.



Não vamos cometer a indiscrição de relatar o seu pesadelo, o que lhe asseveramos que não faríamos. Mas para que o leitor possa obter informação mais precisa do que se passou, vamos discorrer em tese a respeito dos embusteiros.



As criaturas que agem segundo diapasões em que o som de suas atitudes destoa da realidade não são capazes, após algum tempo, de perceber as diferenças existentes entre a verdade e a mentira. Para elas, o que importa é salvaguardar as aparências. Por isso, agem de um modo diante dos outros e são capazes das maiores falcatruas quando se surpreendem sozinhas, pois, no fundo das consciências, não conseguem admitir a falsidade, que repercute como se fora um rebaixamento, uma vilipendiação da própria pessoa.



Essa contradição se instala definitiva na mente dos indivíduos, que passam a proceder com dubiedade, sendo que seus reflexos se regem por esse duplo aspecto. Quando instados para definir o seu conceito de verdade ou de realidade, refugam, tergiversam, buscam contrariar o interlocutor, quando não são inteligentes o suficiente para disfarçar o desapontamento íntimo, escapando do confronto através de facécias, brincadeiras ou mesmo carinhosos afagos ao “ego” de seu oponente, em franca atitude de chantagem emocional, que envolveria a pessoa em seu halo de vibração inferior. Esse tosco proceder, no entanto, é tido pelo protagonista como sendo altamente inteligente, o que faz com que se jacte diante de si mesmo, assegurando-se desempenho gratificante para seu “ego” perturbado, viciado.



O desmascaramento desses seres é penoso, pois desenvolveram considerável série de atitudes, tornando-as coerentes umas com as outras, embasando-as, evidentemente, em conceitos errôneos, mas que se fundamentam, quase sempre, em idéias falsas generalizadas como verdadeiras. Por outro lado, a sua argumentação quase sempre se volta contra a pessoa com quem têm de se enfrentar, de forma a provocar reações de desagrado que, tornando o interlocutor irascível, têm o condão de desviar a discussão para outros campos, de sorte que o mentiroso possa continuar a coberto.



Aplicamos em nossa Romilda técnica muito valiosa nesses casos: buscamos configurar cada pensamento, cada idéia, cada palavra como sendo mentirosos, de modo que não podia falar nada que não fosse acoimado de inverdade. Esse constante deblaterar visa a provocar reação cada vez mais próxima da verdadeira personalidade, aprofundando-se cada vez mais o raciocínio, em incessante busca de se encontrar a raiz do problema. Como nos sentimos inibidos para relatar o caso específico de Romilda, vamos citar algumas causas conhecidas desse procedimento: injustiças verdadeiras na pré-adolescência que causaram frustrações sentimentais profundas, relativas às pessoas mais íntimas (pai, mãe, avós, irmãos “et alii”); sucesso só obtido por via da mentira, no caso de pessoas de inteligência menos desenvolvida (o que faculta cura menos onerosa); insatisfação consigo mesmo, tendo em vista não conseguir certos objetivos muito desejados, quase sempre dominados por pessoas consideradas inferiores (é causa de profundo complexo de inferioridade); desatenção da parte dos responsáveis, que deveriam sanar os defeitos das primeiras mentirinhas, mas que deixam passar sem admoestação ou mesmo através de claro incentivo, por considerarem sem importância e até engraçado o fato. Causas econômicas e sociais também se conjugam para produzirem o seu efeito psicológico neste campo, quando de excesso de materialismo na formação e educação das crianças. Relacionamos algumas causas que originam esse tipo de problema, mas existem inúmeras outras.



Quanto ao tratamento, uma vez detectado o problema e declarado ao consciente do indivíduo, há necessidade de demoradas sessões de aprofundamento psíquico, para que, aliado ao competente ensino das verdades evangélicas, possa ir a pessoa observando e compenetrando-se de cada reação, vinculando-a à causa primária para poder suplantar as deficiências, uma a uma, já que vários fatores da personalidade ficam prejudicados: os aspectos moral e espiritual, evidentemente, porque não se reconhecem valores; o aspecto intelectual, cognitivo, porque as causas reais dos problemas têm de ser redescobertas; o aspecto consciencial, porque impedida fica a livre manifestação da vontade, inibindo-se o conhecimento exato de si mesmo, o que fraciona o caráter.



Desse modo, pensamos ter trazido à discussão tema muito importante da análise psicológica, acreditando possam os leitores aprofundar os estudos e o entendimento da questão, observando as pessoas de seu relacionamento, com o intento de surpreenderem os mecanismos mentais e morais envolvidos e que foram por nós levantados. Evidentemente, a nossa contribuição, longe de ser perquirição científica aprofundada, deve ser levada na conta de despertar, de chamamento, o que, se concretizado junto a algum leitor, nos propiciará muita alegria.



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