Convidei-te à intimidade
de meus versos
- coisa que a poucos permiti -
e duvidei de tuas trovas,
por momentos,
como que acintando os brios
do poeta ensimesmado.
Deitei-me em rimas,
deleite lírico de teus devaneios,
desnudando o ventre liso,
ávido por poemas tórridos.
Sorri e aceitei tuas estrofes,
marcada a pena,
apenas por prazer e saudade.
Seduzi tua métrica,
imprensei tua mão na minha
e juntos escrevemos épicos,
embalados por mar e maresia.
Pertenço à tua fotografia,
sou terra, quimera, alegoria,
a fada que te afaga e afoga,
a musa que te enrosca e dana
- a que te ama, chama, queima,
tua dor e tua teima,
enfeitada de fogo e paixão.
Bebe-me de um gole só,
me engole acredoce,
à galope e a coice,
e deixa-me profanar tua crença
com minha onipresença
onírica, etérea, atônita.
E tocar teu peito,
dilacerar teu ego,
construir teu vértice,
escalar tua vida,
e ser tua ilusão
de amor. |