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Artigos-->Retrospectiva de Um Certo Dia -- 06/04/2003 - 22:58 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Retrospectiva. Lembranças de Um Certo Dia de Abril

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Aquele dia foi muito importante para o país. E tudo isso porque os personagens Leo e Lucas, vividos pelo ator Murilo Benício, na novela “O Clone”, da Rede Globo de Televisão, finalmente iriam se encontrar, para alegria, gritos, choros e muita emoção de seus cativos telespectadores.



Segundo os jornais, e a despeito de tanta expectativa criada em torno do assunto, não haverá grandes novidades. Mel, personagem de Débora Falabella, drogada, sai da mansão de sua família, deixando todos preocupados. Enquanto isso, Léo entra, sem ser percebido - coisas de novela- e vai para o quarto de Lucas, o seu clone. E, pronto, os dois frente à frente, contrariados por um ser igual ao outro. VÊ-se na expressão facial do Léo, o clone, que, por isso, sente desprezo pelo Lucas, que é a sua imagem envelhecida.



Lucas, de sua parte, com inveja, lembra de tudo que poderia ter feito na vida e não fez; e entra em depressão. No centro da crise, o criador do clone, Albieri, vivido por Juca de Oliveira, começa ser pressionado por todos.



Mas nesse mesmo dia tem a apresentação de outro caso de clone. Que irá ao ar logo depois das próximas eleições. O FHC do primeiro mandato (o original) ficará frente à frente com o FHC do segundo mandato, o clone. E tudo será colocado em pratos limpos. Por conta de reeleição.



O clone olhará para o seu original, com certo desprezo, e verificará que FHC UM esteve com a faca e o queijo na mão durante o tempo todo; porém, não conseguiu realizar quase nada em benefício do país e de sua população de expectadores.



No lugar de arregaçar as mangas, aproveitar o apoio da grande maioria de parlamentares no Congresso Nacional, e até as chuvas de verão, para votar as reformas que se faziam necessárias, perdeu muito tempo produzindo o seu próprio clone para o segundo mandato. E, de quebra, gastou mais um tanto tentando abafar escândalos que pipocavam por todos os lados, envolvendo seus amigos e colaboradores próximos.



O resultado não poderia ser outro. Não houve tempo para fazer investimentos no setor energético; para corrigir a tabela do imposto de renda; para reajustar os salários dos servidores públicos; para impulsionar o crescimento econômico, e aumentar a oferta de empregos; coibir o avanço da dengue e da febre amarela, enfim, para evitar a escuridão geral que tomou conta deste país.



Ao seu clone restou, tão somente, levantar a imagem do Brasil no exterior, com palavras e discursos eloqüentes. O pouco tempo de convívio no Brasil, cuidou de aparecer na televisão para justificar os injustificáveis desacertos do governo. E, nas horas de folga, lutar para a sua continuidade no poder, apresentando e apoiando candidato próprio que pudesse subir a rampa do Congresso pela Serra da Boa Esperança.



O pior de tudo isto é que esta novela, O Clone, de há muito vem sendo levada ao ar no Brasil. Entra ano e sai ano, entra governo e sai governo, e os problemas de toda ordem não desaparecem. São clonados em escala industrial.



Não há recursos, não há investimentos em setores estratégicos, não há crescimento da economia, não há como conter o desemprego, não há como inibir a violência, não há como remunerar melhor os professores, dando-lhes condições adequadas de trabalho, não há como dar um aumento maior para o salário mínimo.



Não há como deixar de misturar álcool à gasolina, não há como deixar de aumentar a conta de luz, não há como deixar de aumentar os impostos, não há como deixar de aumentar a concentração de rendas, não há como melhorar a rede pública hospitalar, não há como conter o desperdício de recursos, a corrupção, os desvios de verbas e as remessas ilegais para o exterior.



Não há como colocar ninguém na cadeia - até porque elas estão cheias - e há, ainda, uma enorme lista de mandados de prisão para serem cumpridos.



Só existe tempo e boa vontade mesmo é no sentido de o governo dedicar-se em tempo integral para não deixar atrasar o pagamento dos juros da dívida, que cresce em proporções geométricas.



No centro da crise, nós, os eleitores, enfiando a mão no bolso,que já anda furado, faz tempo , a fim de pagar a conta. Somos os clones dos criadores de clones. Os criadores, direta ou indiretamente, do original e do clone presidencial e de tantos outros.



E ainda tem gente querendo ser presidente. E o pior é que tem certos eleitores que ainda votam em certos candidatos. Tem clone de eleitor que, ao que tudo indica, ainda não aprendeu a votar.



E parece que a síndrome da clonagem volta a ocupar os espaços da mídia. Pelo menos, com quem tenho conversado, a opinião majoritária é a de que o clone do FHC, deixou o governo, mas, no seu lugar, ocupou outro clone: uma clonagem diferente, pois ao invés de ser semelhante fisicamente, e com idéias diferentes, o novo presidente, até agora, tem-se mostrado justamente o contrário: fisicamente, em nada se assemelha ao FHC;mas, em atitudes e comportamentos, e na maneira de conduzir o governo, a clonagem ficou muito bem feita. Cópia fiel de FHC. Xerox de Pedro Malan. Até no modo de discursar e dar desculpas aos seus “escorregões”.



Domingos Oliveira Medeiros

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