Usina de Letras
Usina de Letras
119 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62245 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A gênese do pacotão -- 23/06/2001 - 18:11 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No primeiro dia, surgiu a necessidade de se pensar nos ingredientes capazes de originar medidas condizentes com a realidade nacional e o governo ditou: “Sumam com o feijão, o leite e a carne fresca!”. Veio a primeira noite e os governantes pararam de raciocinar, enquanto o povo começava a passar fome.

No segundo dia, os governantes alegaram déficit no orçamento da União e concluíram: “Suspendamos todo e qualquer tipo de subsídio no País, principalmente os de alimentos e petróleo!”. Veio a segunda noite e os donos do poder pausaram as decisões, enquanto o povo pensava no café da manhã seguinte (sem pão) e os donos dos transportes urbanos e interurbanos pensavam em mais um aumento de tarifas.

No terceiro dia, os governantes, ainda em déficit, decidiram: “Vamos ao Fundo Monetário Internacional, pois o buraco está muito fundo (rombo)!”. E foram ao FMI, assumindo compromissos que, sem dúvida, haveriam de refletir na rapaziada, a qual começou a clamar por todos os santos e seitas. Veio a terceira noite e os governantes foram dormir (na mesma cama dos gringos), com a esperança de que o buraco passasse a ser chamado de “canal de acesso ao primeiro mundo”.

No quarto dia, começou o caos, pois, querendo cumprir as promessas feitas aos banqueiros internacionais, o governo decretou: “Controlemos o câmbio para que a inflação não dispare nunca mais, daqui para frente!”. E como comemoração, mandou aumentar o preço do cigarro, para que se arrecadasse mais daquilo que lhe oferecia mais impostos. Veio a quarta noite e os homens do poder pararam de fumar, enquanto o povo, aflito com tudo, passou a catar guimbas de cigarro no chão, com a intenção de manter os hábitos sem afetar as suas economias.

No quinto dia, a âncora cambial já tinha ido para o espaço. Os governantes viram que não havia como acatar parte do contrato feito com os donos do capital e avisaram que de 2000 não passaríamos. O povo começou a poupar, poupar, perder dinheiro, poupar…Veio a quinta noite e aqueles que ainda tinham algum “l’argent” mantiveram-se de olhos estatelados, querendo obter o máximo que lhes era possível. Os governantes também não dormiram, pois ficaram preparando, pela enésima vez, uma maneira racional de EMBRULHAR o povo.

No sexto dia, o governo entregou o presente que faltava: nascia o PACOTÃO. O povo, desesperado, começou a gritar por Noé (“Uma arca, pelo amor de Deus!!”). Enquanto as classes privilegiadas comemoravam com champanhe e caviar, a grande maioria imergia nas águas do dilúvio. Fez-se clara a sexta noite e ninguém pode dormir.

No sétimo dia, os governantes descansaram, enquanto o povo, já mais acostumado, ia aos estádios de futebol para assistir a mais uma rodada do Campeonato Nacional, o que lhe era de direito, desde que pagasse o ingresso, que também tinha acabado de ser aumentado.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui