Antes de tudo, fique bem claro: estou aqui como assinante, mas não paguei por esse privilégio. E explico: uma leitora minha, embora bem intencionada, pagou a assinatura sem minha autorização. Pedi imediatamente que corrigisse isso, pois não aceito e tenho meus motivos: quero viver na minha realidade, e a minha realidade, hoje, não me permite pagar uma assinatura.

A Usina é inserida no mundo atual: claro que tem que se defender e seguir o esquema do mundo capitalista, onde os abastados moram em mansões e os desprovidos moram em favelas. Dentro desse quadro, que não acredito seja um dia revertido, admito, embora inconformada, minha condição de favelada. E por que não? Não sou a única e nunca me senti tão acompanhada. No momento em que percebi e estranhei a mudança, não pensei apenas em mim, sabia que uma legião de pessoas estavam sendo atingidas pela nova medida, da mesma forma que eu. E eu tenho certeza de que não sou melhor nem pior que toda essa gente.

Quero deixar bem claro que não sou conivente com essa situação. Penso de forma diferente e é de forma diferente que me declaro contra alguém - seja quem for - pagar em meu lugar o que quer que seja.

Na proposta apresentada pela Usina, tudo é muito justo: os que pagam merecem uma assistência mais caprichada, pois estão pagando por ela. Os que não podem são, portanto, transferidos para a favela indicada pela placa “veja mais” em azul. Portanto, a nós, favelados, cabe explicar aos leitores que nos prestigiam que cliquem ali e encontrará a gente. Por mais que isso doa, por mais que queiramos espernear, sabemos que não podemos mudar o mundo. Basta que não nos conformemos e deixemos bem explicada a nossa posição.

Por isso mesmo, só tenho um protesto a fazer. A pessoa que pretendeu pagar por mim me mandou uma mensagem encaminhando a que enviou para o dono deste Site, nestes termos: “Waldomiro, Sinto imensamente porem a autora Olympia não aceitou minha participação então retiro a proposta.” Nenhum outro esclarecimento recebi depois disso. Mas não aconteceu a minha retirada como assinante. Repito: não vou admitir isso, pois jamais eu seria conivente com a política do mundo capitalista. Claro que, pela consciência que tenho, a vontade é de espernear, mas vou manter minha dignidade, que é minha única riqueza.

Espero que o Sr. Waldomiro e/ou a Senhora que quis pagar por mim, expliquem o porquê de eu estar assinante sem o ser, gozando de toda a mordomia. Isso é questão de honra para mim.

E espero também que meus leitores não se aborreçam por terem que dar um clique a mais e não me abandonem por isso.

Agradeço a atenção.

Olympia Salete Rodrigues

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