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Cronicas-->A Escada -- 29/08/2008 - 18:00 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bastava olhar o céu para ver que aquele dia tinha um quê de aziago. Um estranho halo demarcava o disco solar, como uma córnea opaca de um velho senhor que ele conhecera na infància. Este velho senhor costumava subir a escada de sua rua sem saída que ficava ao fundo,no final dela, perto de onde ele e seus amigos costumavam jogar futebol e conversa fora.

Pois bem, aquele dia era um estranho dia, cheio de presságios e ventos de lado que enrodilhavam nos cantos de sua velha casa que dava fundo para um necrotério. Ele acordava sobressaltado quase toda noite, imaginando estranhas fosforescências nos cantos das paredes do quarto cheio de manchas de bolor de sua casa , onde vivia com os pais.

A Escada era íngreme e era revestida por pequenos azulejos marrons que não tinham data marcada, porisso ele imaginava que ela era velha, muito velha. Haviam boatos de que a escada teria sido construída ali para que as pessoas pudessem subir da rua sem saída para a outra onde haviam lojas e farmácias--Sua rua era estreita, antiga, com casas que ao envelhecerem, como a sua, se tornavam cortiços habitados por miríades de seres empobrecidos pela grande cidade que se avizinhava e pela migração implacável que trazia hordas de trabalhadores desprezados pelo campo ingrato.

Numa delas morava o Velho, como o chamavam seus amigos e ele. Era motivo de chacota, ele passava de guarda-chuva em punho, chovesse ou fizesse sol, sempre sozinho; sua mulher morrera há muito tempo e ele vivia caminhando, inconsolável, pelos cantos da rua que tivera um riozinho no meio(ele soubera pelos meninos mais velhos) e que agora se tornara um esgoto canalizado. Volta e meia eles o perseguiam e o Velho, com uma voz indecifrável e rouca, murmurava impropérios suficientes para mandá-los ao inferno várias vezes, mas soavam os palavrões e ele se afastava, guarda-chuva em punho, o terno puído, as marcas do tempo se aninhando em seu corpo, inexoráveis.

Naquele dia, ele olhou o céu e viu o halo lúgubre cercando o sol, como num aviso alarmante. Ele apontou o céu e mostrou a seus colegas de escola, todos viram e pareciam assombrados com o halo colorido que se formara, num arco-íris coagulado em torno do disco solar, petrificado nas alturas. Ele, só ele olhou a Escada.

O Velho subia até a rua de cima, como nunca o fizera antes(pelo menos ele não se lembrava disto) mas lá de baixo, enquanto os outros cochichavam assustados com os sinais que o sol emitia, ele viu que o velho subira acompanhado.

Nunca mais o viram desde então.

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