Canetas borram de angústia papéis.
O louco professor, o aluno louco,
únicos que preenchem o silêncio,
sujam de loucura salas imundas.
Até mesmo o chão é sombra nas sombras –
seus lábios duros não ousam gritar.
E crescem, como se pudessem vida,
giz e apagador, disfarçados medos.
O quadro-negro zomba dos milênios,
ridiculariza nossos segundos.
Cadeiras sobrevivem aos alunos
que morrem e morrem, lentos, nas aulas:
seus sonhos se bastam em boas notas,
são todos infinitamente nada.
|