Eles não sabem que o sonho/é uma constante da vida / tão concreta e definida/como outra coisa qualquer/como esta pedra cinzenta/em que me sento e descanso/como este ribeiro manso/em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos/que em verde e oiro se agitam/como estas árvores que gritam/em bebedeiras de azul/Eles não sabem que sonho/é vinho, é espuma, é fermento/bichinho alacre e sedento/de focinho pontiagudo/que fuça através de tudo/em perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho/é tela é cor é pincel/base, fuste, capitel/que é retorta de alquimista/mapa do mundo distante/Rosa dos Ventos Infante/caravela quinhentista
que é cabo da Boa-Esperança
Ouro, canela, marfim/florete de espadachim/bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim/passarola voadora/pára-raios, locomotiva/barco de proa festiva / alto-forno, geradora /cisão do átomo, radar/ultra-som, televisão/desembarque em foguetão/na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham/que o sonho comanda a vida/que sempre que o homem sonha/o mundo pula e avança/como bola colorida/entre as mãos duma criança.
António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho
Quem é? Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu em Lisboa em 1906 foi professor e cientista versado na matemática e na físico-química.Porém para além da ciências e dos cálculos matemáticos tornou-se poeta.Sim porque poeta pode nascer em qualquer leito, brota do peito de médico, professor, engenheiro seja quem for, quando a poesia vem baixando em inspiração a dor acaba e não respeita profissão.
Só aos 50 anos decidiu publicar o seu primeiro livro de poesia. Sua originalidade advém da mistura entre o lirismo e a cultura científica, através de seus versos fica patente de como mundos e conhecimentos diferentes pode conviver e criar novas formas de manifestação.Através de Rómulo Carvalho transmutado em Antonio Gedeão a ciência e a arte têm uma fronteira tênue.
VISITE MEU BLOG
Andre Luis Aquino
http://andre.aquino12.blog.uol.com.br/