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Discursos-->E preciso mudar o olhar -- 14/08/2003 - 18:07 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Prezados Companheiros



Por muitos anos fomos chamados de aleijados. Depois alteraram para deficiente físico, e, atualmente, nos classificam como portadores de necessidades especiais.
Nos primórdios nós erramos eliminados da sociedade assim que nascíamos, o peso de criar um filho inútil levou muitos familiares a se livrarem do problema. Dentre alguns povos nosso nascimento era considerado como castigo divino, que os pais teriam que suportar pelo resto de suas vidas. Durante a Segunda Guerra mundial, segmentos dentro do Partido Nazista chegaram a sugerir nossa eliminação, afinal manter-nos custava muito aos cofres públicos.
Hoje segmentos da sociedade organizada se empenham em viabilizar soluções que minimizem nossas diferenças. São Leis, Organizações Não Governamentais, Associações, empresas que maximizam apoio aos projetos sociais a nós destinados, dentre outros; somos melhor tratados que na idade média, instituições lançam embrionariamente a idéia de que somos algo mais, além de especiais.
Contudo, louva-se os esforços de todos, raramente tenho visto grandes benefícios partindo de iniciativas nossas. Poucas vezes pessoas especiais são conduzidas em postos chaves dentro das organizações públicas e civis. Todas as conquistas importantes que tivemos partiram de pessoas sensibilizadas com nossas dificuldades e viabilizaram esforços para que fosse feito, e foi. A sociedade ainda olha para nós como desfavorecidos; nos nivelam aos mendigos e drogados: tudo precisa ser feito por eles.
Este olhar precisa ser mudado urgentemente. E os mentores desta mudança seremos nos! Ninguém mais o fará.
A população especial no Brasil gira em torno de 15%. Destes, poucos fazem parte da sociedade ativamente. A maioria se fecha em cadeiras, muletas e aposentadorias. 15% organizado nem mesmo a CUT e outras grandes centrais sindicais ou movimentos populares congregam. Somos, em tese, muito mais poderosos que a maioria das organizações sociais, no entanto em nenhuma estatística surgimos com alguma força. E porquê?
A Legislação nos dá oportunidades para que alcancemos posto importantes dentro do setor público e privado. Porém nos destinam o subemprego. E porquê?
A Legislação obriga o Estado a disponibilizar meios para que nossas dificuldades sejam amenizadas. Em todos os municípios brasileiros são poucas políticas, mesmo a longo prazo, que visem adequar os acessos de acordo com a Lei. E ninguém se manifesta contra os descumprimento desta Lei. E porquê?
Em uma democracia nada se faz sem organização social. Nada se resolve sem discussão e luta constante. Cada segmento precisa reunir suas forças e fazer-se notar. O caminho para tal é a sindicalização e formação política do grupo. Ninguém faz nada por ninguém sem pressão, cobrança e formação. Tudo depende da representatividade que o grupo possui. Vimos isso recentemente quando a classe do magistrado conseguiu alterar o texto integral da Reforma Previdenciária. E como fizeram? Pressionando o Governo recuou diante do força do Judiciário. O MST vem conquistando ao longo dos anos espaços no cenário nacional – não tomemos aqui sem positivo ou negativo – utilizando a mesma pressão. Pressão feita respeitando as instituições que fazem parte do regime democrático.
Enquanto não nos fizermos notados...
Diante de tudo isso, o que fazer?
A resposta é óbvia: nos organizar.
No Estado de Pernambuco temos várias associações que bem representam o segmento. Todas buscam alternativas para manter-se e desenvolver projetos visando a integração nossa na sociedade. Algumas chegam a destacar-se mundialmente com feitos esportivos. Os trabalhos são individualizados e muito pouco tem sido feito de forma conjunta, denotando alguma organização. No final, voltam-se para o seu cotidiano, não compartilhando as soluções para as dificuldades. Essa quebra de conjunto facilita o enfraquecimento da classe e assim ofusca nosso potencial, relegando a parcela solidária da sociedade. Os benefícios a nós distribuídos parte de mentes que pensam como assistencialistas e não como empreendedores. O nosso dote, pasmem!, é a sobra do que os demais necessitados esculacham. Ninguém investe em especiais, mas ajudam. Cadeiras, muletas, rampas, poucos ônibus adaptados (com horários determinados), lugares na fila, nos coletivos... isso nos contenta. Só isso.
Com certeza já ouviram frases do tipo: Nossa! Mesmo deficiente ele consegue ter filhos! Mesmo deficiente ele dirige! Mesmo deficiente ele trabalha! Ora, como se atitudes corriqueiras para os “normais” fossem sobrecomum para nós, “especiais”.
Eu sugiro aos representantes da classe de especiais o fortalecimento dos laços entre as associações existentes na região metropolitana do Recife. Iniciaríamos com a criação de uma comissão encarregada de efetuar um levantamento da real situação de todas as entidades. Montar-se-ia um relatório minucioso, um retrato de cada entidade. Este relatório seria o instrumento inicial para tomada de decisões conjuntas em benefícios de todos.
Em seguida criaria uma fórmula para o aprimoramento escolar dos associados, baseado nos dados levantados no relatório. Afinal, precisamos de pessoas preparadas para enfrentarmos o mercado de trabalho.
Dentro do processo, criaríamos núcleos encarregados de buscar nas cidades os deficientes que ainda não estão associados a nenhuma entidade representativa. Agruparíamos mais gente, mais força.
Com isso, é preciso regularizar todos os associados, convocar aqueles que já não participam das associações para que voltem.
Visitar as cidades que ainda não tenham associações e fundá-las, compondo-as com integrantes da localidade. Este trabalho exige apoio inicial, até que os integrantes sigam sozinhos.
E finalmente criarmos um sindicato que aglutine todas estas organizações. Uma força pernambucana que faça frente à sociedade civil organizada; uma força nossa.
Paralelo ao trabalho citado acima, precisamos criar o núcleo político. Este núcleo estará encarregado de lançar nomes postulantes aos cargos públicos em todas as esferas, iniciando pelas próximas eleições municipais. Estes nomes devem surgir de uma ampla discussão interna do Sindicato. Nomes que tenham respaldo para realmente formarmos vereadores.
Em seguida, logo após os pleitos municipais, iniciar o trabalho para a eleição de representantes a nível estadual e federal.
E quando estivermos com a representatividade em todas as esferas, criarmos o nosso Partido Político. Uma sigla que venha atender nossos objetivos mais profundos. Que se torne grande o suficiente para forçar os Governos e entidades privadas se adequarem à Legislação em vigor.
No Sindicato, teremos o grande trabalho de criação dos núcleos de educação, saúde e direito. Assim nossos sindicalizados teriam acessos às escolas, hospitais e advogados, sem a humilhação de hoje.
Assim, caros companheiros, estaríamos provocando o respeito da sociedade, galgaríamos a escala social onde seríamos vistos como importantes instrumentos para o crescimento do Brasil. Estaríamos lado a lado com os demais, “normais”, plantando em nosso campo.
O olhar será outro, com toda a certeza.
De tudo aqui relatado, nada é impossível ou difícil ao menos . Tudo será feito, tudo será realizado, basta apenas começarmos hoje.

Assim sendo, convido a todos para uma reunião com vistas as discutirmos o acima ainda neste mês.
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