O "viadinho" nada tinha de dengoso. Era simpático e belo, dono de muita hombridade, ele era um "viadinho" que falava grosso:
- Sou homossexual passivo... Um viado com honra e, além disso, um bom funcionário. Respeita-me ta! - Ele dizia com a sua voz timbrosa e forte.
E os funcionários da repartição, mais aquelas pessoas que ali somente passeavam,
estavam sempre admiradas e pasmadas a olhar o "viadinho". Algumas delas, aquelas que carregavam os seus corações sempre cheios de preconceitos – compreensíveis até, pois elas em sua maioria eram rapazes machões, criados dentro de leis machistas e absolutas - sentiam inveja daquela força doidivanas
que levava as mais belas mulheres a preferirem a companhia do viadinho a da deles que eram machões ansiosos e cheios de cobiça.
Já outras pessoas, como nós os rapazes liberais, entendiam essas belas mulheres,
e porque elas respeitavam e gostavam do proceder, da classe e da honra demonstrada pelo "viadinho".
E o "viadinho" ia entrando e saindo de todas as secções; ele era amigo de todo mundo e por todos era aceito porque era um “viadinho honrado e que falava grosso”.
Dia a dia ele ia brincando sorridente; sempre envolto por uma aureola de auto-respeito e cercado de belas mulheres ele vivia dizendo aos invejosos:
- Sou viado, mas tenho honra. Respeite-me ta!
Até que um dia...
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Foi contratado na repartição um novo funcionário, um belo homem de meia-idade que assumiu a mesa-telefônica na mesma semana em que iniciou em seu cargo. Ele transformou-se em uma pessoa atormentada pelos telefonemas internos que recebia à toda hora do "viadinho", que dizia estar cada vez mais apaixonado por ele.
Então o dengo, a depravação e o desespero pelo macho que sentiu, levou o "viadinho" com honra a comportar-se como uma “bicha” depravada. Sim, o "viadinho" tornou-se dengoso e depravado porque amava; amava aquele telefonista que tanto se parecia com o Charles Bronson.
- Ele tem os cabelos argentinos e frescos, como os dele - do Charles Bronson - na tela, o “viadinho dizia gorjeando como uma pomba espevitada e feliz”.
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Minha filha, que era uma menina pequenina ainda, na época em que narro os acontecimentos dessa “história de amor”, estava sentada em minha mesa de trabalho quando olhou para a "bichinha" que passava delicada e resplandecente pelo corredor e perguntou-me:
- Papai, cadê o "viadinho" que falava grosso?
- Sumiu... Eu respondi irônico e sorridente, sem encontrar uma outra resposta para explicar toda aquela história a uma criança inocente.
Humor visual...
(clique nas imagens e dê muitas risadas)