É bem compreensível por todos nós que as gerações vivam diálogos bem distintos um do outro. Procurar as óbvias respostas para tudo o que vemos cotidianamente é quase impróprio, para não dizermos para nós mesmos que seja entendível. E entre o oba-oba e o ideário nobre, a gente vai garimpando os pedaços de verdades camufladas nas grandes notícias que relutam em atrair as multidões com o sensacionalismo fantasiado de mentiras.
Às vezes chego a crer que a utopia deixará de fazer morada no cerne dos nossos sonhos e que Papai Noel e Chapeuzinho Vermelho serão mesmo condenados ao esquecimento e as lendas estarão cada vez mais ralas e ausentes entre nós. E quando nos for inda mais difícil sonhar, o que nos restará de presencial em nossas almas?
É farisaico, demais esquecermos os sonhos da infància, a ousada inocência da pré-adolescência e o carrinho cheio das novelices do fim desta última. Não há escadas sem degraus. Estamos artificializando demais as nossas vidas. Daqui a uns dias porão headphone nos recém-nascidos para que eles aprendam em um ano o que deverão necessitar em sua infància toda. O homem precisa dos sonhos, dos tropeços e dos tombos completos. Só aprendem a levantar aqueles que já caíram. Se nossos desejos estão próximos dos pecados, paciência, para isso existe o perdão.
E para se viver melhor é necessário saber-se desde a cadência de um choro até o fecundíssimo prazer de ter-se algo realizado. A imaginação está dentro de nós para nos servir de transportadora entre a realidade e o sonho, o sonho e a realidade. Um homem também é o que sonha. E quando qualquer um deles não pode mais achar-se entre os sonhadores, a realidade passa a ser via de mão única e apenas rudemente presencial.
Pela força das armas é impossível amar-se. No máximo se obedece a um desejo impropriamente, unilateral e injusto. Os discursos devem ser formatados dentro de nós, obedecendo a limites e oferecendo vantagens. Ao se aproximar de nós, o outro tem que se achar favorecido e respeitado. O amor do outro tem que alimentar-se no amor nosso. O afeto, a delicadeza, o respeito e a admiração devem vir antes mesmo da civilidade.
A atualidade está repleta de maus costumes e de perversidades que já se fizeram quase leis. A sociedade sobrevive assustada, e até de um simples tombo que se dá noutra pessoa, um transeunte qualquer, pode-se estar comprando a própria morte.
E assim como pela fé, abrindo-se o hostiário, pode-se encontrar o corpo de Cristo, meio a nossos irmãos podemos e devemos encontrar a razão da vida em sociedade. Nada poderá ser maior do que o "nós", independentemente de ser qualquer individualidade nossa, robusta, imensa, fantástica. O coletivo deve ser o consensual.
E para que não nos percamos ainda mais, façamos um pacto novo, mediado pelo bom senso e nele ponhamos o possível de ser administrado como justo e esperado por cada um de nós no todo que compusermos juntos. O mundo só será melhor para cada um de nós quando ele já o for para todos. Amar e amar em abundància poderá ser-nos a saída mais importante ao voltarmos a ter a certeza de que o Planeta não se findará destruído por nossas próprias mãos, e nossos filhos herdarão um mundo mais fabuloso e sem medo. Eu acredito nisso. Você não?
