O dono de um bar morreu e foi parar no céu. Lá ele se sentiu mal porque gostaria de trabalhar no mesmo ramo, mas não sabia como. Então, entrou na fila para falar com o Pedrão:
-Pedro, eu gostaria de saber se posso abrir um boteco aqui no céu?
-Boteco? – indagou o Pedrão.
-É um barzinho, num lugarzinho aí que não venha a prejudicar as pessoas que passam. O movimento parece ser bom e toda essa gente tem que gostar de algumas bebidazinhas, não é? O Pedrão, que já fazia milhares de anos que não provava um vinho, acabou consentindo.
O botequeiro então abriu o boteco e ficou por muito tempo vendendo cachaça, vinho e outras bebidas. Mas, o movimento revela-se fraco. Então, o dono do bar resolveu falar novamente com o Pedrão:
-Pedro, eu gostaria de me mudar para o inferno.
-Para o inferno?! - indagou o Pedrão perplexo.
-Sim, senhor! É que fiquei sabendo que lá a gente vende muito bem a pingaiada!
-Bem, se você quer então assim será!
E o botequeiro mudou-se para o inferno.
Falou com o Diabo e logo conseguiu um bom ponto para abrir seu boteco.
Mas, o tempo passou e nada. Não se vendia nada. O botequeiro foi falar com o Diabo:
-O problema, seu Diabo, é que não consigo vender nem um golinho de cachaça aqui no inferno, quando eu imaginava que seria bem melhor do que o céu.
-Ah! Meu amigo - disse o Diabo - aqui você não vai conseguir levar o bar em frente, porque o pessoal não bebe.
-Não bebe? - indagou o botequeiro perplexo.
-É que eu esqueci de lhe dizer que a maioria que vem pra cá são pessoas por demais religiosas. São os que vocês chamam na Terra de crentes e evangélicos.
-Ih! Tô fudido! – afirmou o botequeiro.
-Fudido e mal pago – disse o Diabo e acrescentou:
-Você vai agora é pra piscina de bosta gelada!
-Uai, por que seu Diabo? – indagou o botequeiro.
-Por quê? Ora você não sabe? AQUI É UM LUGAR DE SOFRIMENTO, SEU TROUXA! – berrou o Diabo tão alto que provocou um terremoto, nas profundezas infernais.
-E a piscina de bosta gelada é o melhor lugar do inferno! – acrescentou um dos diabinhos que passava.
(Jeovah de Moura Nunes)
Esta eu já sabia desde mil novecentos e nada.
Mas, lembrei-me agora.