D. Juçara não se conformou com a ida de Aprígio para o Iraque, sobretudo em companhia de Zé da Banguela. Segundo ela, este sujeito era a verdadeira reencarnação do demo, um ser humano da pior espécie, que, inclusive, andou em voltas com a polícia recentemente.
Zé da Banguela ganhou esse apelido logo quando começou na profissão de caminhoneiro, lá pelos idos de 1965. D. Juçara não quis confessar, mas depois fiquei sabendo que, um pouco antes disso, os dois chegaram a ter um caso durante uns dois ou três meses. No final desse relacionamento, ela teria dado a luz a um menino (muito provavelmente a Aprígio), porém nunca comentou o assunto com ninguém, exceto sua vizinha, D. Antonieta, mulher madura, ainda bela, mas com uma língua bem afiada.
Apesar do desencanto de D. Juçara com Zé da Banguela ter provocado nela um asco perpétuo e eterno, o que falam sobre Zé da Banguela é exatamente o oposto: sujeito boa praça, de fácil trato, comunicativo e leal aos seus amigos. Recentemente, entretanto, viu-se desempregado, envolvido com maconha e álcool. Deve ter encontrado no chamado de Aprígio para segui-lo até o Iraque uma oportunidade única de regenerar-se.
Embora detentor de inúmeros defeitos, Zé da Banguela era bastante confiável, prestativo e tinha um carinho enorme por Aprígio. Creio até que, lá no fundo, ele já saiba que Aprígio é seu filho, e que atendeu ao convite para ir ao Iraque também para protegê-lo.
Bem, agora cá estou eu do outro lado do mundo, torcendo para que a guerra acabe, e que Aprígio e Zé da Banguela, também conhecido com José Geraldo, voltem sãos e salvos daquele inferno bushiniano, a fim de que possam descobrir a verdade que andou escondida durante todo esse tempo, e que contribuiu, e muito, para a personalidade controversa de Aprígio.
!!Próximo Capítulo: Aprígio a um passo do Iraque.
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