PARA FERNANDO PELO "SAL DA TERRA"
(REPUBLICAÇÃO)
Transcrevo o poema que FERNANDO TANAJURA DE MENEZES me dedicou, para os que ainda o não viram. Em seguida, minha resposta.
SAL DA TERRA
Deixo-te morrer em paz
Descansa no sono dos justos
Mas peço-te: - Antes,
ama, ama, ama...
Sorve até a última gota!...
Ama que o Amor é divino!
Entre duas guerras, vive uma vida linda
sem medo dos desamores
Desfila por este mundo vestida de Afrodite
empacotando teus desejos com sedas
e rendas puras para mancebos
de fino trato, enfeitiçando o retrato
Quando encontrares o Amor,
deixa-o deslisar seus dedos
entre mares e montanhas do teu corpo
Deixa que te possuam em frêmitos
ao som da Pastorale de Beethoven
Te entrega como se fosse esse o último momento
Ama de todas as formas
que nem Florbela amou
Destila palavras doces em tua poesia
em tantos versos, rimas e marfins
Encarna em ti os poetas que
em outros tempos só cantaram o Amor
Mostra que és o Sal da Terra
entre gemidos, pruridos e outros ais,
queimando incensos e mirras
dispostos em bronzes e cristais
Deixa que o aroma dos jasmins
se confundam com os das rosas e dos laranjais
Deixa que o ouro, as pérolas e as esmeraldas
enfeitem teus dias de felicidade
Que o brilho da luz da lua com
todas as luzes do iluminado sol
reflitam imagens inolvidáveis
a qualquer tempo - como um eterno arrebol
Que Baco te sirva o vinho
dos melhores que dá uma safra
e que a música do oriente te enfeitice,
te enrijeça, te seduza e te adentre,
soltando teu corpo em febre,
em doce dança do ventre
Depois de tantas entregas e mortes
com desassossegados consortes,
ressuscita com o mais puro Amor
e descubra que na sombra de uma velha árvore
muitos ainda procurarão o alento, o prazer e
o carinho de um momento de solidão
Meu AMIGO ILUMINADO
Arrancastes-me lágrimas, risos ternos, desejos indefinidos e emoção tão profunda que não posso conter. O caminho que me traças é o mesmo que palmilhei nos meus 200 anos de vida... Com a diferença que antes não tinha o imperativo de um ser de luz a me guiar... Sempre desejei um poeta palmilhando os caminhos de meu corpo. Já tive muitos, cada um a seu modo, todos me arrancando gemidos rimados na festa de prazeres que me dão. A cada um me entreguei como se fosse o último momento. Nunca pensei num poeta palmilhando os caminhos de minh alma... essa eu guardava e, ciumentamente, de todos ocultava. Mas tu, que tens o poder do transe, mergulhas em mim, dilaceras minhas entranhas, destemido porque fortemente armado por minhas próprias palavras, tomas o que resta de alma em mim, expõe nas praças e ruas o que nela era segredo e pudor. No mais recôndito dessa alma, onde entras atrevido, como se dono fosses, encontras a razão e o fim da minha vida: o amor, tão somente o amor. E, ante o meu espanto impotente, me chamas ao dever de espalhar esse amor que resta ainda, o corpo em febre, em rituais frementes, na loucura do prazer que é vida e morte, para ressuscitar depois e ser sombra, conforto, alento, a velha árvore que abriga os pássaros e dá sombra e consolo aos que padecem. Eu devia te odiar... Mas te agradeço, Amigo, por motivos bem simples: amar, amar, amar é tudo o que eu quero e agora não há mais medo, medo nenhum, nada a esconder, nada a temer. E, sem medo de errar, vou encarnar o amor de todos os amantes, os que me cercam, os que me alcançarão, os que passaram antes, para ser o verdadeiro SAL DA TERRA, enquanto viver. E, ao partir, deixar no mundo o SABOR, o TEMPERO do verdadeiro AMOR.
Para você, amigo, com amor, um beijo eterno.
Sal
15/12/2001
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