Há muitos anos é sabido por todos nós que o mundo cobiça a Amazónia, vendo nela a única opção de sobrevivência sã para o resto do planeta, como se nós não entendêssemos que por trás de tudo isso, camuflado em flores de santos, há um viés de especulação patrocinado por um grosso punhado de empresários interessados nas riquezas da mata em si e do seu subsolo. São esses mesmos que hoje achamos por trás também dessa elevação de preços dos alimentos no mundo todo, agora em baila no continente africano.
Que a Amazónia é nossa todos sabem. O problema maior é fazê-los respeitar essa assertiva que ganhou seu primeiro rumo de direcionamento legal com o ex-presidente Médici, em sua famosa frase "Integrar para não entregar". É uma pena que a Transamazónica tenha caído no descaso público e hoje abrigue trechos mesclados entre o precário e o fantasma, excluindo-se aí pequenos outros trechos nem tão mal cuidados.
O esforço que todos nós devemos fazer não passa pelos arroubos de emoção que vez por outra o Presidente Lula resolve criar! Gritar é muito mais fácil de que agir realmente com a efetivação de medidas governamentais que protejam a Amazónia como ela deve ser mesmo protegida. Há uma estúpida diferença entre os modos de agir da Ministra Marina e o próprio Presidente Lula. Enquanto ela, calmamente, sabe o que não deve ser feito, mas não pode evitar que o façam, ele, o Presidente, assombra a poucos com muitos gritos e o maior problema da Amazónia, a devastação da mata, continua a andar a passos perigosamente rápidos.
Os investidores internacionais aqui, cujos compromissos mais ambiciosos voltam-se para a causa própria, devem moderar seus apetites e devorar cada vez mais os alimentos que não são apenas seus. A Amazónia é de todo o planeta? Claro, é, mas a sua administração só deve ser feita com o vínculo exclusivo de nossa soberania enquanto Estado livre e responsável. Isso tudo não nos impede de recebermos royalties vultosos dos paises ricos e que já destruíram a maior parte de suas florestas, ou até mesmo todas, para que possamos destruir cada vez menos, muito menos mesmo, a nossa e de todos, Amazónia.
Paralelamente a tudo isso, rever o que já foi feito indevidamente é mandatório. O mundo inteiro depende da Amazónia, não apenas por ser ela o que é e por ter o que tem, mas pelo o que o resto do planeta destruiu e, consequentemente, não mais tem.
Há muitos irmãos africanos e asiáticos que dependerão doravante dos nossos grãos e de nossa solidariedade. Acho que a lição mais dura deverá ser aplicada a esses investidores ambiciosos que vêem no lucro o único fim de suas ações. O mundo globalizado também exige da parte de quem vende e de quem compra solidariedade e respeito. A Amazónia, pois, pertence a gregos e troianos, amazonenses e turcos. Porém, é Direito do povo brasileiro dela cuidar com propriedade e responsabilidade.
