Era carnaval,
juntei a patota
pra escolher em minha frota
a Brasília, ou a Rural.
A idéia era ir pra Floripa,
escolhendo o caminho ali do litoral.
Acontece que, já na COSIPA,
deu pane geral na brazuca, a escolhida.
Eu lá fazendo um coração das tripas,
e a ximbica insistia em nem dar sinal...
Ao calar-se, o rádio falava,
que naves deixavam Cumbica...
Rapaz, como sofre um pobre mortal!!!...
Graças ao bom Deus,
era uma descida,
um empurrão, e logo um sinal de vida
Jurei já sentir cheiro de água e sal...
Sorri, e um tanto ágil,
pulei para dentro, assumi a direção
e ainda bem longe, o pedágio
eu era mais um, em meio à multidão.
Passadas as primeiras barreiras,
um pastel frio da feira, servia de almoço...
Alvoroço de toda família, dentro da brasília...
esqueceram, é claro, do pobre piloto.
E como um rasgado, reclamando ao roto,
um fusca buzina, pedindo licença,
encostei na região da Serra da Banana,
não para ser bacana, mas para apanhar uma penca...
E eis que de novo, deu pane na encrenca...
Agora, só mesmo com muita fé...
Desta vez, o tranco tinha de ser de ré.
E assim, Floripa cada vez mais distante,
Por que eu não vim de elefante?
Que o motor nunca trava, o volante não puxa,
e nem tem toca-fita pra ouvir Xou da Xuxa...
É tudo lorota...
De novo na rota,
voltei a achar tudo muito legal,
no acelerador, eu descia a bota .
Afinal... Skindô! Skindô! Era carnaval!!!
Um verde ganhava destaque...
- Olhem só a paisagem! - Eu disse ao pessoal.
O tal verde vinha de suas faces:
Um piripaque!... O pastel... Sentiam-se mal!
Corri, mas só lá na fronteira,
é que me apareceu um maldito hospital.
Umas horas de soro e de apuros...
Eu juro, queria voltar pra São Paulo,
revia uma fita no vídeo cassete,
o "Parque dos dinossauros"?!... Que tal?!
Apesar de ninguém merecer alta,
por falta de plantonistas,
o doutor decidiu liberar os turistas,
cuidando somente do povo local.
A situação se agrava,
a brasília não andava,
a mulher constipada e já brava,
e a cunhada, grávida, passa a ter enjôos
Segue assim, o nosso "vôo"...
Esqueceram que ajudaram na escolha,
e passam a tecer loas a velha Rural...
"Tamanha lerdeza!"
"Oh! Carro desgramado!"
"Fosse o destino, Gramado,
chegaria atrasado pra ver o Natal..."
Começa a chover lá fora,
parecíamos estar na estrada há mais de um mês,
Se pedissem meu endereço agora,
eu diria, na hora: BR 116!!
Eu suava a camisa
e as palhetas do pára-brisa
já não davam conta,
e por falar em conta,
eu chegava à terceira reserva,
no exato instante em que a Xuxa dava voz
ao "Projeto Minerva"...
Eureka!!! Lembrei de um palmito em conserva...
Na mala com roupas, junto a um cuzcuz!!!...
Faltava tão pouco que coisa de louco,
já tinha miragens com a Hercílio Luz...
Quanta gente, meu Deus!!! Quanta gente!!!
Além dos faróis, gritando: "SAI DA FRENTE!!!",
a "Conexão leite quente" ficava no retrovisor,
O céu? Ah... O céu!
Esse, há muito, mudara de cor...
Eu sei que a beleza das "manezinhas",
fariam valer toda essa empreitada
Ora, minha Santa Catarina!!!
Já podia até vê-las, tomando as calçadas...
Desenove horas de estrada,
uma sêde gigante e até a alma cansada...
Pensava: - Que gentil meu vizinho,
ao ceder sua pousada!!!...
Benhêêê!!! Você não acredita!
Esqueci a chave da maldita,
no armário que fica embaixo da escada!!!
Repita comigo: - "Eu mereço!!! Eu mereço!!!"
Lá também está o endereço
e a parte maior da grana reservada.
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