Usina de Letras
Usina de Letras
233 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140787)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cartas-->O AMOR ATRAVÉS DOS SÉCULOS-VII -- 07/09/2004 - 07:05 (OLYMPIA SALETE RODRIGUES - 2 (visite a página ROSAPIA)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O AMOR ATRAVÉS DOS SÉCULOS-VII

JAMES JOYCE

Enfim, publicamos cartas de James Joyce. Deixamos essa publicação para hoje porque é justamente a data de uma das cartas, escrita há quase um século.

James Joyce, o grande escritor de “Ulisses” e de “Retrato do artista quando jovem”, desapontou sua família quando resolveu se casar com Nora Barnacle – camareira de um hotel barato – poucos meses depois de conhecê-la em 1904. Foi esta mulher que o acompanhou, e inclusive suportou miséria e fome, quando Joyce resolveu abdicar de sua estabilidade financeira em nome da Literatura.

A glória literária de James Joyce fez aumentar as críticas em relação à origem pobre de sua amada. Nora Barnacle passou a ser vista como a “Criada analfabeta” do célebre escritor irlandês. Mas, sem essa mulher, Joyce declarava que não era nada, talvez por isso ele escrevera este belo bilhete para a sua Nora: "Tu és o meu único amor. Estou completamente à tua mercê. SEI E SINTO que, se no futuro, escrever algo de belo e nobre, fá-lo-ei escutando o teu coração". Belo, não é? Vejamos mais:

“7 de Setembro de 1909
Minha Norazinha silenciosa. Dias e dias se passaram sem carta tua, mas creio que pensaste que eu já teria embarcado. Partimos hoje à noite. Lá para o fim da semana ou no domingo havemos de estar juntos, espero.

Penso que agora compreendes o que sinto por ti. Não vais mais brigar comigo, vais, querida? Estou cansado hoje, caríssima, e gostaria de dormir em teus braços, não fazer nada, mas somente dormir, dormir em teus braços.

Como vai ser longa a viagem de volta, mas que glória vai ser nosso primeiro beijo. Não chores, querida, quando me vires. Quero ver-te de olhos brilhantes e lindos. Qual será a primeira coisa que me dirás?

Tu me amas, não é verdade? Agora vais acalentar-me no teu peito e abrigar-me e talvez ter pena de mim por meus pecados e loucuras e guiar-me como a uma criança.

Naquele peito amigo estar eu queria.
(que é tão amigo e belo de verdade!)
Onde ia ficar a salvo da ventania.
Devido à amarga austeridade
Naquele peito amigo estar eu queria."

A Nora Barnacle Joyce
22 de dezembro de 1909
Rua Fontenoy, 44, Dublin.

Nora, minha querida
Remeto pelo correio (expresso e registrado, com valor declarado) um presente de Natal. É a melhor coisa (mas afinal muito modesta) que posso oferecer em retribuição ao teu amor fiel, verdadeiro e sincero. Pensei em todos os detalhes nas noites de insônia, ou nos carros em disparada ao redor de Dublin. Acho que o presente acabou ficando bonito. Entretanto, mesmo que vá causar somente breve rubor de prazer em teu rosto no primeiro momento em que o vires, ou se fizer teu coração amoroso, terno e leal dar um súbito salto de alegria, eu me sentirei muito, muito bem recompensado de todos os meus cuidados.

Talvez este livro, que agora te envio, sobreviva a nós ambos, a mim e a ti. Talvez os dedos de algum rapaz ou moça (filhos de nossos filhos) virem reverentes estas folhas de pergaminho, quando os dois amantes cujas iniciais estão entrelaçadas na capa tenham há muito desaparecido da terra. Nada há de restar, então, minha querida, de nossos pobres corpos humanos movidos pela paixão; e quem poderá dizer onde vão estar as almas que em seus olhos contemplavam uma a outra. Eu pediria que minha alma fosse espalhada no vento, se Deus me deixasse apenas soprar suavemente, para sempre, em redor de uma flor azul escuro, estranha e solitária, numa sebe agreste de Aughrim ou Oranmore.
Jim.

[nota: Carta de James Joyce à esposa Nora. O presente que ele enviou a ela se tratava, simplesmente, do manuscrito original de "Música de Câmara", com dedicatória. Só.]
__________
FONTES:
Introdução e Primeira Carta:
http://www.haydias.weblogger.terra.com.br/200309_haydias_arquivo.htm
Segunda Carta:
http://www.damnzine.hpg.ig.com.br/zines/026.htm

Fale comigo

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui