De repente, bateu aquela saudade. De um Sete de Setembro passado. Guardado no baú de minhas recordações. Ali fui procurá-lo. E lá estava ele: fotografado. Um instante de um belo momento. De um feriado; jamais esquecido. De um grito de liberdade. Ainda que em fotos fora de prazo. De validade. No papel que se via meio enrugado. Entre sujo e rabiscado. Amarelado. Várias fotos. De canhões e de soldados. Um momento mágico.
Que trago na manga, dentro da carta de um baralho. Na cartola de um coelho branco, verde, azul e amarelo. O coelho do jeito que eu quero. Com as cores certas para homenagear o Dia da Pátria Amada, Brasil.
O Sete de Setembro de céu azul e de sol forte e amarelado. De mãos de crianças ocupadas com algodão doce e com pipocas. Doces e salgadas. Nas cores rosa e branco. Carameladas.
Ao som da banda de fuzileiros navais, com sua dança e sua trança, no vai e vem da alegria da criança. Ao som marcado pelas pernas firmes dos soldados. Enfileirados.
Dos grupamentos bélicos. Da esquadrilha da fumaça. Assustando e alegrando o céu da praça. Com seus rabiscos e desenhos de fumaça. Mostrando o orgulho e o valor do brasileiro. De uma raça. De companheiros. De antigos e destemidos guerreiros. Que agora passa. Cambaleantes. Altaneiros. Ex-artilheiros, infantes e cavaleiros. Atuais heróis nacionais. Ex-pracinhas que por nós lutaram. Com os aliados. Bons companheiros. Nos campos da Itália e do mundo inteiro.
Envolto em bandeirinhas, cansado e satisfeito, percebo que o pirulito chegou ao seu final. E, de mãos dadas com meu pai, volto para casa, orgulhoso de ser brasileiro.
O Brasil dos brasileiros. Sem predadores nacionais e estrangeiros. O Brasil dos bons propósitos. Da educação pública de qualidade. Da fartura de emprego nos classificados. Do salário condizente. Da justiça social. Do transporte coletivo, ao ar livre, como o bonde. Da assistência à saúde. O Brasil que não se esconde. Em promessas e mentiras. Que adia o futuro mais pra frente. Eternamente. Com bravatas e metáforas. Que explicam, mas não justificam. Que país é este? Que país será este?
Que futuro nos espera? Que Sete de Setembro teremos?
Precisamos reproduzir aquelas fotos. Voltar ao passado. Retomar nossas reais crenças e valores. Voltar nossas atenções para o povo brasileiro. Para o nosso Brasil. Precisamos voltar a gostar de nossas cores. Do verde, do amarelo, do azul e do branco. Com ordem e progresso.