Se meu arroz não me dá boa renda
Não vendo! Nem planto!
Se meu feijão não vale uma prenda
Não vendo! Desencanto!
Se o meu gado está solto no pasto
Sem meu olho a lhe dar cuidado
Deus sabe que com ele nada gasto
Jamais vou permitir ser explorado
Se minhas estampas não estão aí no mercado
É porque com as máquinas há muito tempo parei
Se você quiser ficar bem vestido ou calçado
Pra esse campo, pode crer, nunca atenção darei
Meu negócio melhor é cuidar da eleição
Calar, se não chove, ruça coisa deixar
Semear a discórdia, violência e aflição
De cabo e sargento poder me acercar
Meu negócio é como de um bom advogado
O ideal é fazer todo processo complicar
O bom seqüestro-relâmpago faz deputado
Porque povo sem polícia não pode ficar
Eis aqui a fórmula mais adequada
Para do Poder sem medo apossar
Fazer do Legislativo a quartelada
É objetivo de todo melhor militar
Ganhar representação comercial é meta
Muito boa de se alcançar
Dar de graça para o marginal a bereta
Deixar a mídia especificar
E depois é só negociar a comissão
Na hora de as armas importar
Sou sargento, reserva de munição
É o que mais tenho a gastar