Tadeu - Apre vida, apre existência alarmante plena de decepções, apre estranho mundo do "diz-mas-não-faz-como-diz". Apreeeee!...
Toninho - O que é isso, Tadeu. Apre, digo eu.
Tadeu -Ei lá... Nem tu me deixas desabafar? Então... Não compreendes que ando encarcerado no meu superficial sorriso. Ei pá, não sentes o "tic-tac" da minha "bomba-relógio".
Toninho - O que tens tu, Tadeu. Ainda não leste o meu soneto "O que recito, caminhando..." ?
Tadeu - Ó Toninho, Toninho, vai-te matar. Caraças, tu achas que "isto" vai com sonetos? Tu achas que pões os gajos todos sentados e sossegadinhos à tua frente e que os consolas a recitar sonetos?...
Toninho - Olha, amigo, vamos brincar. Não há melhor remédio do que brincar. Distrai o espírito, o tempo passa sem dar por ele, enraízamos mais e melhor a nossa amizade e, sobretudo, sem querer, aprendemos coisas fundamentais. Daqui a pouco será noite, vamos dormir e até sonhamos melhor...
Tadeu - Ah... Queres é dar-me a volta, mas não me enganas...
Toninho - Eu, enganar-te?... Reflecte, tonto, não é assim - ou deveria ser - que bem se ensinam as crianças?
Tadeu - Ena... E é!... É a brincar que a leoa ensina os filhotes a viver a sério, enquanto o leão com o rabo coça os "tomates"... É... É!...
António Torre da Guia
|