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Humor-->Mémórias imemoráveis de um pobre rico -- 22/11/2001 - 23:47 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gostaria de, antes da narrativa, fornecer alguns dados pessoais sobre o cidadão que será o alvo desta história :

NOME: Rufino Serapião da Nóbrega
SEXO: Paraíba
NACIONALIDADE: Praianinha
NATURALIZAÇÃO: Concha y Toro
ESTADO EM QUE NASCEU: deprimente
ESTADO EM QUE VIVE: condizente
OLHOS: amarelos (anemia + riqueza)
PROFISSÃO: de “esparro” a executivo
NOME DA MÃE: chulo
NOME DO PAI: desconhecido
ALTURA: variável com o teor alcoólico

Rufino era um sujeito supersticioso, que se levantava pelo lado direito da rede, pisava primeiramente com o pé direito, beijava a sua figa e ia à luta. Não passava por encruzilhada e nem era muito de falar com as pessoas.

Um dia, após o cumprimento de todos os rituais, chegou ao trabalho, bateu o cartão e começou a subir num andaime com a intenção de remodelar a parede lateral do prédio pertencente à firma em que trabalhava. De repente, o andaime despencou e Rufino, sem ter escolha, foi junto com ele. Sofreu alguns ferimentos de média gravidade e, por isso, foi removido para o hospital da localidade, onde teve de permanecer por alguns dias. Como conseqüência desse acidente, seu patrão, um grande avaro, deu férias permanentes ao Rufino.

Quando saiu do hospital, ainda foi possível comer por alguns dias, graças à indenização que havia recebido, mas essa foi minguando e, quando mais nada lhe restava (estava difícil conseguir um novo emprego), Rufino colocou todo o seu orgulho no chão e foi até o seu velho patrão para implorar-lhe a sua readmissão. A resposta foi a mais grotesca possível. Disse que o empregado relapso não tem duas chances. Rufino saiu mais arrasado do que nunca, com todas as suas qualidades potencializadas em suas mãos, as quais ainda conseguiam reter alguns reais, que não suportaram ficar além daquele dia. Foram, então, rapidamente desfeitos em um sanduíche, um copo de cachaça e um cartão da Mega Sena.

Sem parentes, sem patrão, sem dinheiro, sem casa. Era um homem que tinha tudo para morrer naquele sábado de um mês qualquer, em frente a um boteco de esquina, disputando sobras de comida com um cachorro vira-lata. No rádio do bar, ditaram-se seis dezenas, do seu bolso tirou outras seis que, ao conferir, eram as mesmas. Rufino estava rico, não precisava de mais ninguém. Posteriormente, o avaro, que foi o seu patrão, recebeu a seguinte carta de Rufino (redigida por um de seus professores de Português):

“Senhora Avareza,

Desculpe-me se não te elogio nesta carta, pois a minha intenção não é esta. Se escrevo a ti, é para dizer que fiquei rico.Também é para dizer que tenho nojo da tua pessoa.

Lembras, quando comecei a trabalhar na tua firma ? Lembras dos salários atrasados, com os quais eu deliciava-me comendo pão e água ? Tu não. Tu sempre comendo do bom e do melhor e sempre recebendo os teus milhões, enquanto eu recebia, mal e parcamente, os meus centavos.

Tu não sabes quantos tapas tenho guardados nas minhas mãos.

Processa-me por esta carta para que eu possa te derrubar num tribunal”.


Se, como Rufino, todos os brasileiros que sobrevivem com até um salário mínimo conseguissem ganhar, pelo menos uma vez, na Mega Sena, isoladamente, precisaríamos de, no mínimo, 120 milhões de concursos, os quais correspondem a 60 milhões de semanas ou 15 milhões de meses ou 1,25 milhões de anos. Isso é o que me dói…
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