DENTISTA EM PASSA TEMPO E VIGÁRIO EM CANA VERDE É A MESMA PORCARIA
Moacir Rodrigues
Era pleno mês de julho e a cidade estava sendo castigada por um rigoroso inverno. Em Passa Tempo, em tempos de frio, as pessoas são forçadas a sair para as ruas pela manhã em busca do aquecimento solar. Num daqueles dias em que os passatempenses estavam com narizes e orelhas gelados, respirando fumaça, as pessoas foram para o sol em busca do aquecimento natural. Na véspera, havia se mudado para Passa Tempo um novo vigário, por ordem do bispo da região. O padre havia sido transferido de Cana Verde a pedido da população e a sua fama chegou primeiro do que ele em Passa Tempo. Ao chegar à noite o sacerdote concluiu que a casa paroquial estava muito mal conservada, já que estava há muito tempo desabitada. De manhã, saiu à rua à procura de uma pessoa para capinar a horta que estava toda cheia de matos. Passando em frente à casa do Sr. Mundinho Coletor, viu um velho sentado ao sol, com chapéu de palha e fumando um pito de palha. O padre aproximou-se do velhinho dizendo o seguinte: “ Seu moço, eu sou o novo vigário da Cidade, mudei-me para cá na tarde de ontem e estou precisando de uma pessoa para capinar a horta da casa paroquial. Quem sabe o senhor quer ganhar uns trocados e promover a capina para mim?” O velho Marcondes respondeu com seu jeito espirituoso: “Em primeiro lugar Sr. Vigário, eu agradeço pelo fato de ter me chamado de moço. Depois eu devo informar ao senhor que sou dentista aqui na Cidade e tenho horários agendados com vários clientes. Se não fosse isso eu iria lá com prazer.” O padre olhou bem pra o Sr Marcondes e perguntou: “ Mas o senhor é dentista aqui na Cidade ?”. E seguida deu uma risada, como se estivesse criticando o Sr. Marcondes. Foi ai que o vigário se deu mal. O Sr. Marcondes lhe respondeu nos seguintes termos: Sabe Sr. Padre ser dentista em Passa Tempo e vigário em Cana Verde é a mesma porcaria…’