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cronicas-->Os naufrágios de nós -- 17/05/2008 - 06:54 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os naufrágios de nós


Há naufrágios que, uma vez dentro de nós, transformam-se em navios. Encalham e vão ao fosso mais profundo de nossas derrotas. Viram cicatrizes que podem sangrar a qualquer hora, bastando para isso que nossos reolhares as encontrem e sangrem juntos. Mas ainda bem que nosso espírito possui o poder de engendrar conversas de conforto de nós para mais dentro de nós ainda. São as flores dos nossos alívios, as palavras de nossas palavras, o amor próprio que nos perfuma.
Quem ainda não se deixou envolver-se por instantes perversos, atitudes impensadas, escorregadelas nocivas? Lembro-me de certa frase que se ouve muito e em quase todo lugar aonde vamos: "Quem já não sofreu por amor?" E, após ouvir-se isso, não sobrará a ninguém coragem alguma para atirar a primeira pedra. A vida da gente é isso mesmo: tempestade e calmaria, alegria e tristeza. O homem vive para aprender a enfrentar os desafios do dia-a-dia. Entre a criança e o velho, aí estamos nós, sendo deglutidos pelo tempo, dissecando as lições da vida, acolhendo as palavras protetoras e afastando os verbos mesquinhos trazidos pelas intempéries. Viver é achar-nos dentro e fora de nós, reconhecendo derrotas e desejando vencer a guerra que travamos quando dentro de nós acordam os comandos de vida e de amor à vida e de luta.
Se entre o que plantássemos não nascessem os joios da vida, nós jamais saberíamos dar o valor que têm em si próprias as ervas daninhas. É a dor que mais nos ensina a sentir o doce da vida. A fome faz a gula, e o alimento que escolhemos para degustar faz nosso paladar. Portanto, vale a pena viver e aprender e reviver e reaprender sempre. Por maior mal que nos faça lembrar qualquer cicatriz que hiberne em nossas almas, mais valor poderemos ofertar à reconciliação que fizermos dentro de nós, quando perguntamos à vida: por quê? E eu merecia? Nosso gemido é do tamanho da dor que deixarmos doer dentro de nós. Se não perdoamos, como poderemos viver perdoados dentro de nós mesmos?
Todos os dias tropeço, caio e levanto-me. Nenhuma dor dentro de mim é capaz de adiar por muito tempo que ressurja espontaneamente manso meu sorriso perdoador. Reconciliar-se é poder entender que o que da vida aprendemos é perdoável naquilo que exigir nosso perdão. Nada fere para sempre quando dentro de nós há um sincero e constante renascer de amor e paz. O perdão merece existir dentro da alma de quem ama e encher seu cotidiano. Perdoar é amar duas vezes.
Hoje ser-me-á um dia diferente dos inúmeros que já vivi. Deverei ter exercitado dentro de mim o mais laborioso perdão. Se Cristo foi perseguido e tanto sofreu, quanto mais nós, esses tolos mortais. Nas sei que água passará e qual será o tamanho de minha sede de oração. Devo ler, escutar, enxergar e consentir-me tecer uma fiel releitura do instante que viver.
Aos cinquenta anos a gente tem aprendido muito. O medo de errar é grande e a vontade de acertar bem maior. Um homem justo jamais tomba, antes é derrubado injustamente. Ainda não conheci qualquer tempestade que o tempo não dissolvesse. É na bonança onde nos preparamos para refazer os estragos assistidos. Serei a minha estrada e o meu porto seguro porque estou fortalecido por Aquele que me criou. As arenas de Roma hoje são mansas, apesar do que nos trazem ainda as fotografias de sua história. Esta não me será talvez a última arena da vida. Enfrentar as estradas e os rumos incertos é próprio dos homens. Verei os novos leões à minha frente.
Esperarei o pór-do-sol ir-se e as estrelas da noite serem vistas e aí saberei se devo cantar os louvores do céu enluarado ou a névoa baça de um resfolegado choro de desilusão. A batalha pode ser o nosso melhor caminho para entendermos que a paz também pode ser ferida pelas guerras sangrentas. O mal é infinitamente menor do que o bem, porém muito mais fácil de ser encontrado. Irei manso e prudente. Há os que sempre serão os herodes e os outros que nunca serão ninguém. A vida é um grande palco armado para homens e lobos jogarem. Hoje o meu texto falará mais comigo do que com os outros. Faz parte da guerra do silêncio que cada um acha de engendrar quando assim o tempo lhe pede!
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