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Artigos-->A Medicina do Sutil -- 29/03/2003 - 08:03 (Ivan Guerrini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A ciência passou por grandes abalos e transformações no século XX. Tão fortes foram as descobertas que sugeriram mudanças drásticas nos paradigmas científicos, que ainda não acharam espaço na rígida mentalidade reducionista e cartesiana para estarem à plena disposição dos verdadeiros caçadores de respostas sobre o funcionamento do universo. Como a ciência é a atividade do querer saber, esses inquietos e incômodos personagens da ciência de hoje que já estão chegando na chamada “massa crítica”, podem ser reconhecidos como os verdadeiros cientistas, aqueles que se abrem ao novo sem restrições. Abrir-se ao novo com outras regras fixas é se deixar engaiolar numa redoma, talvez mais nova e mais bonita que a antiga e muitas vezes invisível aos olhos menos acostumados ao sutil, mas não menos escravizante. As novas redomas são mais aceitas pelo ganancioso meio cientificista, pela sociedade extremamente carente e, ao mesmo tempo, inconscientemente julgadora inexorável daquilo que não é palpável, material e concreto. Para esses, o espiritual, se existir, pertence a outro departamento, bem conforme o modelo de Descartes do século XVII.

No entanto, um breve olhar nas conseqüências trazidas pela Teoria do Caos, desenvolvida nas décadas de 60 e 70 do século passado, aponta para interpretações interessantes de fatos que vem se constatando. Na área médica, por exemplo, com relação às técnicas alternativas da medicina e seus crescentes adeptos. Quando Fritjof Capra lançou, na década de 70, seu livro “O Tao da Física”, causou um estremecimento na ciência oficial, em particular na física, aquela que sempre foi conhecida como a filosofia natural. Mesmo aos olhos dos incautos, Capra é um bom físico, que infelizmente para eles, ficou místico, ou pior, louco. Suas declarações por ocasião de sua vinda ao Forum Social Mundial no início deste ano em Porto Alegre, mostram quais os elevados preços que pagou no meio universitário por ter tido coragem de dizer e escrever que a ciência vai muito além do paradigma cientificista que está no comando. Com poucas exceções, ninguém mais duvida hoje em dia que a medicina homeopática, a acupuntura, os florais, a radiestesia e outras técnicas e/ou tratamentos menos acadêmicos funcionam, trazendo efeitos benéficos aos usuários. Se não fora assim, a procura por esses tipos de tratamento não estaria crescendo exponencialmente como está nos últimos anos. São os tratamentos sutis, como os chamaremos. Curiosamente, há ainda aqueles que os negam publicamente, mas procuram furtivamente seu uso, quando o problema é seu ou de seus familiares. Menos mau, já que repetem Nicodemos que procurou o Mestre à noite para não ser visto pelos pares. Se sinceros, receberão um convite profundo e abalador, como aconteceu com Nicodemos, e a resposta vai depender de quão presos estão ao dogmatismo institucionalizado.



Os Sistemas Dinâmicos Complexos (SDC) são estudados pela Teoria do Caos que enfatizam que quanto mais esses sistemas são naturais e abertos, mais susceptíveis são aos chamados Efeitos Borboleta, ou seja, à extrema sensibilidade a qualquer mínima interferência externa. É o caso de um sistema meteorológico, por exemplo. Ou de pesquisas eleitorais, como já citado em outras ocasiões. Na abordagem do ser humano como um SDC, ele deixa de ser rígido e se torna mais flexível e sujeito aos Efeitos Borboleta. Se rígido, ele fica mais perto do equilíbrio, onde tudo é mais fácil de ser previsto e a trajetória linear, ainda que aproximadamente, funciona, como na física clássica. Infelizmente, esses sistemas precisam de grandes forças para serem modificados e ficam sujeitos à morte térmica, a inexorável segunda lei da termodinâmica, o final de tudo para os clássicos. Para esses, só a medicação alopática irá funcionar, mas o negativismo é intrínseco. Quando, por outro lado, o ser humano se afasta do equilíbrio e vai se tornando um sistema mais aberto e, num processo contínuo de evolução da consciência, um SDC, ele fica mais sensível, susceptível aos Efeitos Borboleta de qualquer tipo. Nessa região de ação é que as técnicas sutis da medicina funcionam, porque o indivíduo se abre para o novo, o instável, o transmutável. Fica mais vulnerável, porém mais flexível e descobre mais sobre a verdadeira vida que, segundo Ilya Prigogine, só é plena longe do equilíbrio. É claro que há muito mais para se falar dessa abordagem, mas uma condição sine qua non é a abertura para o novo. Não se prega a extinção da alopatia nessa nova visão, da mesma forma como não se pode pensar na abolição da física clássica. Porém, a visão do ser humano como um SDC faria com que a alopatia fosse utilizada apenas em casos necessários de grandes intervenções, como por exemplo, em fraturas e em outras situações emergenciais. A sociedade, no entanto, age e reage inconscientemente conforme o modelo no qual foi ensinada e, muitas vezes, formatada, e esse é ainda predominantemente mecanicista. Como a maioria das disciplinas engessadas nos cursos superiores. Para esses, a medicina do sutil não vai funcionar nunca, pois ainda precisam de bombas atômicas para curar gripes. Numa visão holística, é sabido que o paciente é um indivíduo íntegro em rede, que recebe influências de todos os lados, principalmente dos profissionais de saúde e dos familiares. A revolta de muitos pacientes, e mesmo de seus familiares, para com profissionais dessa mentalidade cartesiana e reducionista é conseqüência da percepção dele(a) da necessidade de uma abertura para a vida em níveis mais sutis que se descortina geralmente em fases de crise. São as mentalidades ortodoxas que ainda se sentem no direito de impor uma visão única, reduzida e mecanicista do ser humano e que insistem em fazer testes químicos para descobrir onde estão as moléculas dos medicamentos homeopáticos ou matematizar em modelos clássicos e rígidos os campos eletromagnéticos da aura para poder trazer à sua bela e nova redoma, deletando de sua tela mental os avanços da Física Quântica e da Teoria do Caos do século passado. Seria coincidência desprezível o fato de “Deus é sutil” ser uma das famosas frases de Albert Einstein?







Ivan Amaral Guerrini

Professor Titular

Departamento de Física e Biofísica - IB

UNESP - Botucatu - SP

e-mail: guerrini@ibb.unesp.br

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