Não podemos abrir uma porta trancada sem possuir a chave, a não ser que a arrombemos, o que provocará sérios danos em sua estrutura. Para recompô-la, teríamos de fazer remendos ou construir uma porta totalmente nova. Para abrir uma porta é necessário ter a chave correta e saber usá-la adequadamente.
Com o amor acontece exatamente o mesmo. Precisamos descobrir a chave que abre a porta do nosso ser mais profundo, onde está escondido todo o potencial de amor que nós temos. E, suavemente, deixá-lo fluir. De nada adianta adotarmos atitudes drásticas, com o objetivo de romper nossas resistências negativas, pois isso poderia reforçá-las ainda mais ou danificar nossa estrutura.
Quando algo muito importante não estiver sendo alcançado, reflita para saber se você está usando a maneira correta de consegui-lo. Afinal, não adianta ficar tentando abrir a fechadura com a chave errada. Por certo haverá uma forma menos sofrida de realizar o objetivo.
Nós, seres humanos, estamos cheios de contradições. E uma delas diz respeito ao livre arbítrio: sentimo-nos donos de nossa vontade em algumas situações, e em outras, não.
Por que será?
Todos escolhemos, deliberadamente, a roupa que vamos vestir, o que queremos comer, a que filme vamos assistir, que carro queremos comprar, aonde queremos ir, com quem decidimos sair, optamos por ser honestos ou desonestos, amáveis ou agressivos, egoístas ou generosos e tomamos outras decisões baseadas apenas em nossa vontade.
Com certeza, nossa vida é resultado de nossa postura, de nossos pensamentos, sentimentos e condutas. Se alguém quer mudar algo em si, apenas ele próprio poderá fazê-lo; ninguém mais. E só vai mudar quando decidir por si, por sentir que seu estilo de vida não o (a)satisfaz mais.
Com o mesmo cimento e tijolos, podemos construir uma casa para morar e viver um grande amor, ou uma prisão onde nos sintamos solitários e miseráveis. É simplesmente uma questão de escolha do objetivo; o trabalho é o mesmo.
No que diz respeito às relações amorosas, em muitas ocasiões posicionamo-nos de forma ambivalente: queremos encontrar o amor mas não o buscamos e, algumas vezes, quando ele chega, o expulsamos para longe de nós. E ficamos confusos, sem saber por que isso aconteceu.
Colocamos a culpa no destino, no azar ou em qualquer motivo que esteja fora de nós, que seja independente de nossa vontade. Chegamos à conclusão de que não existe uma forma do amor dar certo.
Começar a trilhar os caminhos para amar vai requerer uma reformulação muito grande em nossa vida. E é justamente o medo dessa reformulação que nos levará a um ambivalência: em alguns momentos estará claro o que se quer e como atuar; em outros, tal certeza irá desaparecer.
Nos caminhos para o amor, uma virtude muito importante é a humildade para reconhecer o que não se sabe fazer; para dar-se conta e admitir que errou; para pedir desculpas e ajuda, quando for necessário; para buscar proteção em momentos de insegurança e para perceber que alguém, que talvez não se valorize tanto, pode ter algo importante para nos ensinar.
Nos caminhos para viver o amor é importante observar e perceber de que forma reagimos diante da pessoa amada. Descobrir o que provoca essa reação e quais as opções que temos para mudar o que for necessário.
De nada adiante alguém ver o outro como se fosse ele mesmo, nem se ver como se fosse o outro. Muito menos, ver o outro como reflexo de outras pessoas que pertenceram ao passado. Só importa ver o outro como ele é, de fato, e simplesmente amá-lo.
** Roberto Shinyashiki **
PS: Do livro "Amar pode dar certo", Editora Gente.
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