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Cronicas-->Pequenos consertos -- 09/02/2001 - 08:02 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ficar em casa é ótimo. Eu realmente aprecio muito. Contudo, há riscos. O maior deles é que alguém peça para fazer algum conserto. Os chamados pequenos consertos, ou consertos caseiros. Você se instala no sofá com almofadas, seu livro preferido, ou apenas com a revista da semana. Ou, você se instala no sofá apenas com almofadas, decidido a refletir sobre as dificuldades da vida moderna e suas implicações na educação das crianças considerando a liberalidade da TV e sua incapacidade de controlar o que é apresentado. Talvez você se instale no sofá sem um tema específico, mas com a mente aberta para novas idéias e quando tudo parece estar correndo bem, alguém pede algo como trocar uma làmpada ou substituir um parafuso, só um.

O atendimento a estes pedidos aparentemente é tão simples que você não tem argumento para negar. Aparentemente, só aparentemente. Trocar a làmpada de um abajur, por exemplo. É simples, quando você não descobre que làmpada está boa e o problema é no bocal e que este é preso com um tipo de parafuso ou arapuca para a qual você não tem a ferramenta apropriada. Você tem uma parecida mas na realidade, ao usá-la, você quebra a peça. Claro que é possível colar e, em um minuto, está tudo no lugar novamente. Claro que isto pode acontecer, mas não é o que acontece. A cola nem sempre é achada imediatamente e nem sempre todos os cacos estão disponíveis. Algum improviso pode ser necessário, o que é feito em um minuto, com um pedaço de uma peça antiga que você não sabe por que guardou. Quem guarda tem. Quando terminou, você volta ao seu sofá e descobre que passou toda a tarde em função do tal abajur e já está na hora de sair para algum compromisso que você não estava lembrado.

Não ceda. Talvez, em sua boa fé e boa vontade, você nunca tenha parado para refletir e notar que sempre há um grande número de desculpas a oferecer ao pedinte inoportuno. Antes de prosseguir é importante falar algo sobre as desculpas. Muitos quebram a cabeça procurando desculpas reais, ou pelo menos verossímeis. Isto não é necessário. Note que se estão pedindo a você é porque confiam no seu tino para estes problemas. Sendo assim, devem confiar em você. Qualquer desculpa serve. Insista nela até que você acredite. Se você acredita, tecnicamente você não estará mentindo e assim a questão ética é resolvida. Se o pedinte não concordar, desafie. Faça-o provar que pode ser feito de outra forma. Ou diga que se você tem que fazer, faz do seu jeito e no momento não é possível pelas razões que já foram ditas e que você não vai repetir mais uma vez. Mostre-se ofendido, indignado.

Quanto às desculpas propriamente ditas, há inúmeras. Uma das minhas preferidas é a falta de ferramentas adequadas. Costuma funcionar, mas sempre há o risco de se receber no aniversário um conjunto com mil quinhentas e trinta e duas chaves estrela. Ao receber não hesite em deixar claro que chave estrela é muito pouco usada e que a escala em polegadas vem dando lugar à decimal já há vários anos. Do contrário, vão pensar que todos os problemas com ferramentas estão resolvidos. No dia seguinte, não deixe de trocar por algo que não sirva para pequenos consertos. Outra desculpa clássica é a que não dá tempo de fazer naquele instante, postergando-se o problema para outra ocasião ou sugerindo alguém que, por ser mais ágil ou ter maiores conhecimentos, possa fazê-lo já. Outro expediente é dizer que é preciso a ajuda de um amigo. Simule um telefonema e desligue dizendo que ele está vindo e assim que ele chegar você e ele atenderão ao pedido em um instante.

Naqueles casos extremos em que as desculpas não surtem o efeito esperado, tente. Mas insista em que o pedinte fique por perto e a cada minuto peça-lhe algo, como alcançar uma ferramenta que está mais longe, ou pergunte onde foi guardado algum material. Um pequeno corte também pode ser útil. Se o conserto não tiver sucesso diga que você falou que não ia dar certo, mas ninguém acredita em você. Rosne, esbraveje o quanto possível de modo a retardar o próximo pedido.


Escrito em 08.01.2001
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