José Inácio Werneck (quarta-feira, 16 de abril de 2008)
Bristol (EUA) - A Igreja Protestante perto de minha casa tem duas famílias de missionários morando entre os índios yanomami, no estado de Roraima. Como ela, há milhares de outras nos Estados Unidos, com missionários espalhados por toda a Amazónia.
Vão levar aos índios a "palavra de Deus". Em inglês, é claro. Deus fala inglês, como o recém falecido Charlton Heston nos filmes de Cecil B. de Mille. Ao mesmo tempo, diversos movimentos internacionais apóiam a tese de que os Estados Unidos e a União Européia deveriam subvencionar os "povos da floresta" no Brasil, como parte de um plano para combater o aquecimento global.
A floresta amazónica deve ser preservada para combater o aquecimento global. É elementar, meu caro Watson. Mas se o governo brasileiro deixar que as negociações ocorram diretamente entre americanos e europeus com os indígenas da Amazónia estará dando um passo gigantesco para perder sua soberania sobre a região.
Com todo o respeito que os índios merecem, o governo brasileiro deve olhar com muito cuidado este reconhecimento da "nação yanomami" (especialmente uma que desconhece a existência de uma fronteira entre Brasil e Venezuela), "nação sateré mawé", "nação kariri-xocó" e outras que tais. Se não o fizer, no futuro terá que enfrentar movimentos separatistas como a China agora é obrigada a combater no Tibete, cortesia do Dalai Lama e do canastrão hollywoodiano Richard Gere.
A única maneira sensata de lidar com a Amazónia é preservar sua floresta através de um desenvolvimento económico sustentável. Lembro-me de que, no governo de José Sarney, o governo americano bloqueou a construção de uma estrada do Brasil para o Pacífico, alegando que ela desmataria a Amazónia, ao mesmo tempo que continuava a exportar madeira para o Japão, graças à s suas estradas para... para o Pacífico.
Vamos preservar a cultura indígena e as línguas indígenas dentro de um contexto em que elas integrem um país cujas fronteiras estão definidas e consolidadas há muito tempo e no qual o idioma oficial, um verdadeiro elo de união das montanhas Pacaraima ao Chuí, é o português.
Deus não deveria precisar de intérpretes americanos.
Obs.: O autor talvez considere o Dalai Lama como um acabado "carbonário", e Hugo Chávez, "o pacificador" - como a ele se referiu Lula. Ocorre que os tibetanos têm o direito de lutar por sua independência, pois seu território foi anexado à China, que promoveu contra o Tibete um vergonhoso genocídio, mais de 1,2 milhão de pessoas foram mortas, muitas queimadas vivas, todos os mosteiros budistas foram queimados, sobrando apenas 8 em pé. China, tire suas patas do Tibete! ONGs e Governo Lula: tirem suas patas de Roraima! Deixe o povo de lá plantar arroz! (F. Maier)