Ontem, no noticiário da noite na TV, vi e ouvi por alto que um dado escultor concebeu, através de elaboração química, um trabalho que culminava num corpo de ave com cabeça de feto humano.
A obra, exposta num conceituado museu alemão, suscitou de imediato viva repulsa dos visitantes e gerou polémica de alta roda. Os especialistas, após análise adequada, constaram que o corpo da ave e o feto já foram de facto seres com vida.
Você, aí, não ri?...
Eu, não paro de rir intervaladamente nas últimas horas. Lembro-me do tempo em que olhava para o céu à espera que uma providencial cegonha me trouxesse um companheiro para brincar...
E rio, rio, rio fluentemente, única forma que tenho para me esquecer que vivo num mundo rodeado de "valentes-hipócritas", que vivo cercado de grandes filhos de todos os nomes, de sacanas e estafermos que só fazem a evocação dos valores para cuidarem exclusivamente de si.
Vivo no meio de algo que tem de ser rotunda e radicalmente eliminado pela base.
Ao considerar que pertenço ao mesmo ramo genético, até nojo me dá de ser humano...
E rio, rio e a rir, quiçá haverei de enlouquecer até.
António Torre da Guia
|