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Poesias-->Velhice -- 08/07/2001 - 20:36 (ANTONIO ELSON RODRIGUES SIQUEIRA) |
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decerto não fica bem
falar de certas coisas
nos poemas de amor
então por que falar da velhice
se nós os jovens nunca ficaremos velhos?
infelizmente a vida nos é mais ingrata
e nós bem sabemos disso
um dia o viço da juventude nos faltará
e não vai ser sem um certo ar de desolação
que mais de uma vez vamos olhar para trás
que mais de uma vez vamos dar as costas
para esse fatal aproximar-se do horizonte
que em outros tempos parecia tão distante
parecia tão inalcançável que nem existia
em um gesto de respeito à história que escrevemos
penduraremos nas paredes de nossa lembrança imprecisa
os quadros de nossos momentos mais felizes
de nossas conquistas mais significativas
de nossa convivência mais plena
todos pintados pela nossa saudade
com as tintas mais duradouras
com as cores mais vivas
em mais um gesto de respeito e afeição
a todos aqueles que nos sejam tão caros
faremos o inventário da nossa existência
que lhes ficará como herança quando partirmos
que eles saibam compreender
nosso abraço emocionado
e nosso choro incontido
quando lhes dermos a conhecer
nosso testamento sentimental
para os jovens ainda inconseqüentes
dois espíritos serenamente amadurecidos
para os que se entregarem à desilusão
dois corações que nunca descuidaram da esperança
para os que se tornarem prisioneiros da avareza
duas vidas repletas de música e poesia
para os que se abalarem com a dureza do viver
duas almas que aprenderam a voar
para os que cultivarem a ignorância
dois seres que semearam a sabedoria
para os que fraquejarem pelo caminho
dois corpos que souberam suportar as provações
para os que pensarem não ter defeitos
dois velhinhos que souberam conviver com eles
para os que tiverem medo de acertar
dois malucos que assumiram seus erros
para os que tiverem vergonha de expor sentimentos
dois pares de olhos que nunca recusaram as lágrimas
para os que se acharem sem rumo na vida
dois corajosos que ousaram abrir os próprios caminhos
para os que se entregarem à monotonia
dois que viveram cada dia como se fosse o último
para os corações individualistas
dois que se descobriram em um
dois que se completaram em um
dois que se mantiveram em um
um que soube se desdobrar em dois
e para os que não souberem o que é amar
nossos mais sinceros votos de que um dia
possam começar a viver uma história de amor
como a que até o nosso último pulsar
tão apaixonadamente nós dois viveremos
viveríamos
se me fosse concedida a graça
de poder envelhecer ao seu lado
se
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