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Artigos-->Os Livros no Fogo e os Limites da Arte -- 27/05/2001 - 22:36 (Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
(Os trechos abaixo foram pinçados do Caderno Pensar, do Estado de Minas de 26 de maio de 2001. Tratam de uma resposta a uma crítica recebida pelo poeta e artista Renato Negrão, por parte do crítico literário Anelito de Oliveira, depois de que Negrão, provavelmente inspirado no Kaos de Jorge Mautner, queimou livros em seu concerto poético musical A Estética do Bicho Pau).



“Acrescento que a performance à qual o senhor Anelito deteve crítica era apenas uma parte de um todo integrado a que dei o nome de concerto poético musical, e não apenas – com todo o respeito que nutro pelo gênero – performance, que não correspondia integralmente a meu propósito na ocasião. (...) Por entrever tantas nuances, que me levam a crer que a própria matéria do senhor Anelito seja uma performance sutil, aproveitadora e perigosa, sem querer desvendar seus motivos, venho a público discuti-la em sua gênese (...). O crítico inicia seu texto de forma confusa, contraditória e até mesmo engraçada quando fala da dificuldade em torno do entendimento da performance: O inacabamento da performance contribui de forma decisiva para a dificuldade em torno de seu entendimento. Nunca se sabe exatamente o que uma performance é, até porque, quando se começa a saber, ela acaba. Em seguida, responde à própria confusão em termos de ensinamento: não é que seu sentido esteja incompleto – a incompletude é o seu sentido, a impossibilidade de algo inteiriço.

A impossibilidade de entendimento completo de qualquer obra de arte é o seu mérito maior e não especificamente produto e característica da performance. Anelito diz que o artifício do entendimento não parece ser objetivado pelo performer. Esta opinião generalizada é fruto do mito “pós-modernizado” de que o artista vem somente para confundir, destruir, sem edificar qualquer coisa que seja (...). O ensaísta, com ironia e desprezo disfarçado, pergunta ao tempo que deu e vem dando lugar a esse tipo de manifestação artística (a performance) que revela, no final das contas, um profundo desprezo pela arte, ou melhor, pelo lugar que a arte ocupa historicamente no Ocidente (...). O lugar histórico da minha arte é o meu corpo e as extensões dele que produzo em minha vida (...). A propósito, o tempo ao qual ele tenta perguntar é mais uma bela manifestação da performance coletiva da humanidade e o Ocidente é, antes de tudo, uma linha da cartografia ditada pelos europeus, atitude em si colonizadora (...).

Após uma análise sociológica da performance nas cidades em que nada diferiria se o objeto em questão fosse o samba, o ensino, as CPIs, o teatro ou o que quer que seja, Anelito diz o seguinte: no fundo, as performances, com raras exceções, tem sido muito mais uma espécie de jornalismo sociocultural, em interlocução direta, do que peças artísticas, com preocupações artísticas reais. Mais uma vez, o autor se condena ao elitismo. Preocupações estéticas reais é o grande engodo (...). Queimar livros. Ato simbólico que se presta às mais diversas ideologias dentro dos diversos contextos (...). Aludir a uma imagem tão forte quanto a queima repressora foi um preço que banquei, disposto entre outras coisas a valorizar a cultura oral e o irracionalismo contra a ditadura da razão. Por que não queimar livros cenicamente? Marcelo Gabriel, o artista que ilustra a matéria em questão, como performance refletida, a quem admiro, sugere inclusive ferir a integridade física própria, e também a do espectador, em suas apresentações.

Finalmente, o crítico diz que queimar livros não chega a chocar os adeptos do intelectualismo, e tenta parafrasear as palavras esqueçam e queimem proferidas por FHC: Esqueçam (queimem) o que escrevi. Certamente se FHC tivesse dito “queimem o que escrevi”, ninguém teria esquecido, assim como o ensaísta não esqueceu do meu concerto poético musical A Estética do Bicho Pau.

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