Prefiro ficar com a minha beleza natural..
Moacir Rodrigues
Eu tinha por volta dos dez anos de idade, quando presenciei um quadro muito interessante. Na Fazenda em que morava havia um pequeno comércio onde eram vendidos os gêneros alimentícios, roupas e artigos em geral para os trabalhadores da região. Me lembro que tomava conta do comércio um cidadão idoso, magro, alto, braços compridos, de óculos e muito parecido com aquele comerciante que vendeu a prazo e que figurava num calendário muito distribuído no comércio em geral, muito magrelo e informando que vendeu fiado. Por outro lado, o velho era inteligente, versado em português e matemática e muito brincalhão. Estava eu um determinado dia naquela venda quando chegou uma senhora de nome Maria Rosa, pessoa de aparência pouco privilegiada, para não dizer muito feia, rosto de maracujá e que ganhava um pequeno salário, que mal dava para se manter. Havia chegado naquela venda um novo produto que estava sendo lançado no mercado, a hoje conhecida marca de pó de arroz chamada LADY. Naquele momento o comerciante disse para ela: Ê Dona Maria Rosa chegou ontem um produto que eu tenho certeza que a senhora irá adorar. É um tal de pó de arroz chamado ladi… O comerciante buscou a latinha de pó de arroz, que segundo me lembro era azul, com a tampa superior branca e com um retrato de uma mulher muito bonita. Por dentro da tampa havia um pequena almofada para aplicar o produto no rosto e um aroma bem agradável, ou seja, tratava-se de uma flagrância muito cheirosa. Feito o comercial pelo velho caixeiro, a dona feia colocou-se à frente de um espelho, passou o produto com a esponja e em seguida perguntou o preço: “Sr. Nenego, quanto custa esse produto ?”. Ele respondeu: quinhentos réis, dona Maria Rosa. Ela então respondeu: “ Ah Sr. Nenego esse produto é muito caro, eu prefiro ficar com a minha beleza natural….
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